quarta-feira, 25 de abril de 2012

O Poder está nas ruas... por enquanto!!!















Esta é a nossa herança!
Eles legaram-nos a Liberdade.
É hoje preciso ressuscitar aquela mentalidade,
E com o coração guardado de esperança,
Criar um futuro que a outros dê saudade!
Mas perante o estado a qu'isto VOLTOU,
 Que remédio senão continuar a Luta?,
E dar cabo desses #filhos$da$puta#,
A quem ainda nínguém devidamente envergonhou!

domingo, 22 de abril de 2012

Os Meus Versículos Satânicos


Salman Rushdie escreveu os seus Versículos Satânicos na forma de um romance, em que dois dos mais importantes anjos das religiões monoteístas, sob forma humana e absolutamente convencidos da sua humanidade de tal forma que ambos no romance são ateus, são usados para criar um palco onde muito artisticamente se critica o Islamismo. Isso granjeou-lhe a edição duma Fatuah (uma sentença de morte a cumprir por qualquer “bom” muçulmano). Nada temam, eu não venho fazer o mesmo para com o Cristianismo. Não hoje, pelo menos. De qualquer forma, os Católicos já não perseguem ninguém até à morte… acho eu! A Inquisição já acabou, né?
Mas tal como os Versículos de Rushdie, eu venho criticar a civilização de onde venho, pela retórica, pela ironia e pelo sarcasmo. Rushdie centrou a sua crítica na Índia e na Inglaterra, sendo essas as suas origens. Eu centrar-me-ei no meu Portugal. Quanto a usar anjos (caídos ou não), prefiro usar um mito mais próximo do Homem: o Vampiro.
Por uma questão de formalismo teórico, comecemos por definir o que é ser vampiro. Bem, na cultura popular, um pouco por todo o mundo, existe o mito de uma criatura que vagueia na escuridão da noite, sedenta de sangue, um parasita de outros seres vivos, não diferente dos seus homónimos do mundo natural como a pulga, a carraça, o mosquito, e o morcego chupador de sangue. Por exemplo, na Roménia, de onde Bram Stocker (que fez no passado dia vinte deste mês 100 anos de morto) importou o mito do Vampiro e o popularizou no seu romance histórico Drácula, os vampiros são denominados de pricolici. Já a origem do termo nosferatu, usado por Stocker, é incerto e pode mesmo ter sido liberdade poética do autor. O termo grego é vrykolakas. No México temos o ilustre Chupa-Cabra, uma besta chupadora de sangue. No Japão temos o Kappa, um exemplo vampiresco deveras estranho, e cito a Super Interessante “Esta criatura humanóide, pequena e verde, como uma criança, mas também se assemelha a um sapo ou um lagarto. Ataca animais e suga-lhes o sangue pelo anûs. Aos humanos, rouba o fígado e viola as mulheres.” o-O Seja como for o mito de seres sobrenaturais que sugam sangue existe espalhado pelo mundo. Mais recentemente, num mundo onde cada vez mais a ciência ganha o seu espaço como um saber sério, objectivo e não só explicativo do mundo natural mas também desmistificador do mundo sobrenatural, o termo “vampirismo” foi usado para denominar uma doença do fórum psicológico que consiste numa sede patológica por sangue. Por outro lado, do ponto de vista da metafísica, há quem defenda algo chamado “vampiros psíquicos”, que são definidos como seres humanos que, pela sua própria natureza, sugam energia psicológica de seres humanos que os rodeiem.
Portanto, temos pelo menos 4 definições para vampiro: a mitológica/sobrenatural, a natural (parasitismo) e a psicológica (patologia obcessiva) que são ambas científicas, e a metafísica (sugadores de energias psíquicas).
Estamos agora preparados para entrar na parte mais controversa deste meu monólogo. Pretendo apresentar-vos o caso de que os políticos que nos (des)governam são eles próprios vampiros. Quero recordar que para tal, apenas tenho de os enquadrar, em termos lógicos e racionais, numa das definições que distingui acima. Ora bom, como eu sou ateu vou dar-me ao luxo de deixar a definição mitológica/sobrenatural para último! Eheheh
Comecemos então pela definição metafísica, que confesso ser a mais fácil, porque me bastará tornar-vos conscientes de um fenómeno que afecta quaisquer cidadãos interessados deste país e conscienciosos da nossa actual situação. É ou não é verdade que hoje em dia basta vermos os telejornais e/ou ler jornais para nos inteirarmos de frases dos nossos ilustres governantes que pura e simplesmente nos retiram energia mental? Que de facto pelas continuadas mentiras que hoje são, amanhã já não e no outro dia “Bem, talvez!”, pelas promessas eleitorais não cumpridas, pelos falhanços de cumprir as metas pelas quais andamos todos a sofrer (falhanços tão fracamente justificados, diga-se), nós sentamo-nos a olhar para tudo aquilo e sentimos asco, revolta, medo, fúria, incerteza para lá do razoável, tristeza e, no limite, desespero? A mim basta-me ver e ouvir o ministro das finanças na TV, esse não só vampiro mas também Gaspar the NOT so friendly ghost, para me sentir sugado de quase todas as minhas reservas de energia positiva ou de pensamento positivo para o futuro. Não vos acontece o mesmo? Comprova-se então que são, pelo menos, vampiros psicológicos.
Passemos então, à definição científica. Comecemos pelo parasitismo. Numa relação de parasitismo, o parasita vive do organismo hospedeiro enquanto nada de positivo surte dessa relação para este último. É preciso dizer mais? Estes tipos ganham bem (bem demais para a merda que fazem!!), têm mobilidade paga e assegurada pelos nossos impostos e pela dívida que colocam nas cabeças de todos os portugueses e que só têm feito crescer, enquanto vendem a preço de saldo o património estatal que nos restava, têm casa paga e, cumprindo dois mandatos em certos casos, têm uma reforma com todos os benefícios e mais alguns, a ser passível de executar de imediato (caga lá nos 65 anos) INDEPENDENTEMENTE de se fizeram um bom trabalho ou simplesmente afundaram ainda mais o país. Parasitismo comprovado.
Quanto ao vampiro patológico, bem isso depende de se eles realmente fazem o que fazem porque são completamente malucos da cabeça e acham que este é mesmo o caminho (continuadamente fazer dívidas para pagar dívidas, criar miséria na esperança de que isso promova uma retoma económica, propagar uma cultura de jobs for the boys ao mesmo tempo que defendem a transparência na política e o combate à corrupção, etc…) ou se nos estão só a pedalar mentiras para manterem o statu quo, assegurando a sua continuada existência parasita! No lugar deles, eu esperaria que fossem patológicos, ao menos assim podiam alegar defesa por insanidade temporal. (esta deixo por provar, não sou psicólogo :)
Mas, a partir de Janeiro deste ano, os nossos vampiros eleitos deram um passo importantíssimo. Decidiram abraçar na totalidade a sua natureza mitológica e começaram a desejar o nosso sangue de forma literal. Pois foi este ano que negaram a Isenção de Taxas Moderadoras aos Dadores de Sangue.

“QED, Pateta, velho compincha.”, citação directa da versão portuguesa de “Versículos Satânicos” de Salman Rushdie. A nota de rodapé indica que QED é uma sigla para Quod Erat Demonstrandum == aquilo que se pretendia demonstrar.

E porquê? Porque retiraram a isenção aos dadores?
1) Porque os dadores de sangue ganham todos quantidades obscenas de dinheiro e como tal não precisam?
2) Porque os dadores de sangue davam prejuízo ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por terem essa benesse e devido à necessidade (discutível) de Austeridade é imperativo acabar com ela?
3) Porque é imoral (isto vindo destes vampiros é delicioso) pagar de alguma forma pelo sangue que é doado?
4) Ou será que é porque os dadores de sangue estão apenas a cumprir o seu dever?
5) Porque a dádiva deve ser algo altruísta e querer essa isenção é egoísta?

Bem, todas estas perguntas são válidas. Eu sou… era um dador de sangue e quero voltar a ser. Na verdade, ser um dador de sangue constitui, acreditem ou não, grande parte da minha identidade pessoal. Eu uso um fio de prata ao pescoço quase todos os dias, do qual pende não um crucifixo mas uma placa que tem o meu grupo sanguíneo e a sua polaridade, que a minha mãe me deu. Costumo brincar e dizer que pela minha natureza genética em si eu não tenho escolha senão ser um dador, um positivista e manter-me sempre positivo, pois a verdade é que o meu sangue é O+, o dador universal positivo por excelência. Se calhar por isso nutro prazer em dar aos outros e consigo manter um espírito positivo em qualquer luta, mesmo que possa parecer que seja uma guerra que não consigo ganhar, desde que ache que a causa é justa. Lembrei-me agora que posso ser mesmo a antítese natural ao vampiro! Ahaahah! Vamos lá então tentar responder às perguntas:

1) Eu não ganho quantidades obscenas de dinheiro. O meu pai é dador de sangue há bem mais anos que eu (e foi o exemplo dele que me levou a querer também ser um dador) e o meu pai infelizmente nunca ganhou acima dos 200 contos ou 1000 euros, sozinho. Atrever-me-ia a dizer que a grande maioria dos dadores de sangue pertencem à classe média, isto tendo em conta as pessoas com quem me cruzei que sei serem dadoras ou que via lá no Centro de Recolha quando lá ia. Sim, essa classe quase destruída por completo. O Sócrates aniquilou a média baixa, o Passos está a dar cabo do que resta. Ainda se admiram da retirada da isenção ter sido a gota de água que fez transbordar o copo?
2) Quanto ao prejuízo. Ouçam, antes desta idiotice de nos negarem a isenção, Portugal não só não tinha falta de sangue no Instituto Português de Sangue (IPS), como éramos uma nação exportadora de sangue. Literalmente, o IPS vendia sangue ao estrangeiro. Como se veio a saber, éramos aparentemente tão ricos, que nos dávamos ao luxo enquanto país de desperdiçar um dos subprodutos da recolha de sangue, o plasma! Nesta notícia, calcula-se que se poderia poupar muito se aproveitássemos o plasma para fazer medicamentos que assim temos de importar ao estrangeiro (isto sim é prejuízo, é defeito estrutural e ainda não foi resolvido). http://www.publico.pt/Sociedade/plasma-portugues-continua-a-ir-para-o-lixo-1532411
Cito o acima indicado artigo:
"Álvaro Beleza afirma que a maioria dos países ou escolhe exportar o seu plasma ou o fracciona para depois ser transformado em derivados (como por exemplo os factores de coagulação VIII e IX, que são usados no tratamento dos hemofílicos). "Portugal paga 30 milhões de euros pela importação de derivados de plasma", diz, notando que o plasma pode ser uma fonte de receita que abate na despesa.
Por outro lado, se eu usei a minha isenção 4 vezes em 8 anos foi o muito. E 3 delas foi no ano passado porque tive uma infecção num dente que chegou ao limite do suportável a um sábado. Fui às urgências. Eu não vou ao médico, qualquer médico, sem que algo de grave me obrigue a ir lá. Amigos, eu tive gripe A e curei-a em casa, sozinho em Lisboa, com analgésicos, muitos e muitos líquidos e o meu sistema imunitário. Além disso, os dadores de sangue são pessoas normalmente saudáveis. Nós somos monitorizados a nível sanguíneo e de pressão arterial sempre que lá vamos. Por exemplo, uma das minhas dádivas que não contou porque as análises mostraram que havia algo mal com o meu fígado. Foi no ano passado e no despiste esse desvio da norma já tinha desaparecido. Em conversação com o médico, deduzimos os dois que foi um efeito secundário do antibiótico que tomei devido ao dente. Não dei tempo suficiente para o organismo retomar funcionamento normal antes de ir dar sangue. Eu nunca me lembro do meu pai estar internado ou mesmo de ter ido às urgências por ele próprio. Nós não éramos fonte de prejuízo, mas fomos fonte de lucro mal ou sub aproveitado pelo IPS, pelo SNS, pelos sucessivos governos portugueses. E já agora, se os dadores não derem o sangue isso não significa que o SNS não vá ter de o ter, só significa que o Estado Português deixará de ser exportador de sangue e passará a ter mais uma fonte de gasto passando a ser importador de sangue, como tantos países são, até alguns dos que se diriam mais avançados que nós.
3) Bem, não fosse a situação tão séria e houvesse vidas em jogo, a ironia desta pergunta seria de partir o caco. Quando um utente do SNS recebe uma transfusão de sangue, paga a taxa moderadora. PAGA o serviço e o sangue. O SNS VENDE SANGUE!!!! E esta isenção que os dadores tinham não se prendia com pagamento, prende-se com um simples raciocínio lógico. Primeiro, se eu dador precisar duma transfusão é justo que tenha de pagar por sangue que possivelmente eu dei?? É moral? É justo? Segundo, o que esta isenção diz e pratica é: mesmo que não tenha dinheiro, o dador de sangue será sempre tratado pelo SNS, entidade que o dador ajuda a manter e a ser sustentável, porque é do próprio interesse do SNS mantê-lo saudável e continuar a receber a sua contínua dádiva. Right?? Nada mais lógico, correcto, justo que isto!
Já agora, nos EUA (que em matéria de estado social não são exemplo para ninguém) as pessoas recebem dinheiro por cada dádiva de sangue. De facto, há pessoas que entre a dádiva de sangue e outra de esperma ou óvulos, a cada 3 meses sacam outro ordenado. Isto, segundo valores morais religiosos portugueses convencionais, poderá parecer-vos imoral. Eu vejo-o por aquilo que é. The american way of life, capitalism! Não me ofende, mas prefiro o sistema que tínhamos em que há uma relação de MUTUALISMO entre dadores e SNS. Nada mais moral que isto, até porque simplesmente nessa relação o vil metal não era transaccionado.
4) Não é um dever, nem obrigação, de cidadão. De facto, à parte das pessoas que por condição física não podem dar sangue (Anémicos, pessoas com doenças como SIDA ou hepatite, pessoas que pesem menos de 50 kg, hipertensos, etc…) a vasta maioria do nosso universo nacional de 10,5 milhões de pessoas não dá sangue. E uma pequena parte dos que davam antes desta alteração de regime, davam esporadicamente. Isto é, se fossem ter com eles ao local de trabalho, até davam. Se vissem a carrinha de recolha na rua e tivessem tempo, até davam. Já dadores como eu, como o meu pai, como muitos outros, doávamos regularmente. Do nosso próprio bolso e transporte, predispúnhamo-nos a ir ao hospital fazer a dádiva. Ou seja, durante oito anos contribuí para manter os bancos de sangue atestados, fazendo nenhum prejuízo ao SNS, mas tendo eu prejuízo pessoal porque o Estado não me atestava o carro. E mesmo assim, regularmente, ou o mais regularmente que me era possível, eu lá ia dar-lhes sangue com todo o gosto. Esta ideia da dádiva regular é importante, como demonstrarei posteriormente. É que para se ter aquela isenção, precisávamos de ter sempre, no espaço temporal de 12 meses, duas dádivas. Percebem a importância que o Estado, ao impor este mínimo de dádivas, dá à regularidade da dádiva?? É que sem essa regularidade, é impossível assegurar que os níveis de sangue disponíveis ao SNS se mantenham sustentáveis. Mas seja como for, dar sangue regularmente é ir mais longe que o mero dever do cidadão. Que isso fique bem claro, pois isso em si mesmo já merece a benesse acrescida da isenção face ao comum cidadão.
5) Coloquei esta pergunta e aqui lhe respondo porque parece haver muito essa ideia. Ou seja colocam o ónus da responsabilidade no dador, mesmo e especialmente pessoas que não são dadoras. Ma friends, mellon nîn (como diriam os elfos de Tolkien), viver em sociedade nada tem de altruísta. O altruísmo social é tão verdadeiro como a utopia comunista. Simplesmente não existe. Porquê? O que é o altruísmo social? É servir os outros sem esperar nada em troca. Mas isto é possível? Quando vocês ajudam alguém, não se sentem de imediato inundados por uma profunda sensação de bem-estar psicológico? É que, para o ser humano normal, sabe bem ser útil aos outros, ser prestável. Sabe ainda melhor, quando os outros nos agradecem essa prestação. Sabe ainda melhor quando noutra ocasião posterior alguém nos ajuda a nós. Nós fazemos as coisas motivados por essa sensação de bem-estar pessoal, de auto-realização, e porque esperamos (temos fé, atrever-me-ia a dizer) de que quando precisarmos alguém estará lá por nós ou por aqueles que amamos e/ou estimamos. Na pior das hipóteses, podemos fazer o bem, o que achamos estar certo, porque temos medo de ir parar ao Inferno. Ou seja, quando fazemos algo de bom, ganhamos sempre algo no processo, quanto mais não seja paz de espírito ou um positive boost no ego. Isto não é metafísico, é verificável experimentalmente. E isto é simplesmente ser humano e viver em sociedade. É esta visão egoísta? Não. Egoísmo é querermos tudo só para nós, é nem sequer pensarmos nos que nos rodeiam quando agimos, é só pensarmos em nós próprios… diria eu, como fazem os nossos vampiros!
Mas sabe pessimamente quando ajudamos alguém e percebemos que na verdade fomos mas é usados. A nossa boa natureza abusada por outro que não sabe viver em sociedade. Isso magoa o nosso ego. É a origem do sentimento de revolta face à injustiça. Ora, quando após anos de serviço, me negam uma benesse, que eu não uso com a mesma regularidade com que presto o serviço, apenas porque vem escrito no Evangelho da FMIta segundo Merkl e Sarkozy, via Troika, eu fico fulo da vida! Sinto-me explorado e raios me partam se não vou tomar uma atitude de resistência sobre esta governação baseada numa fé cega para com a alegada sapiência de pessoas que não conhecem a realidade do meu país! Possivelmente, nem a realidade da do deles.


Estão respondidas as perguntas que poderiam justificar a posição assumida por este governo vampiresco, que até do ponto de vista económico só sabe sugar, sugar, sugar! É este o seu mantra diabólico. Declaro-me assim antagónico a esta medida que considero, injusta, imoral, “associal”, desnecessária e perigosa para a nossa sociedade, uma vez que os dadores de sangue não estão aqui para ser abusados pelos demais e que há pessoas que precisam vitalmente da nossa colaboração. Como cidadãos e como minoria que somos, a nossa única forma de luta é reter a dádiva. Mas a responsabilidade de repor o sistema de recolhas de sangue de volta em pleno funcionamento não é dos dadores, é sim do governo, que para isso apenas terá de admitir o seu erro e retroceder. Ninguém espera que sejam infalíveis, meus senhores, mas seria bom para variar termos um governo que saiba quando errou e que admita outra via. Mas serão eles capazes? Ou serão eles demasiado dogmáticos para tal?
Bem, vejamos as notícias desde o início desta interrupção da relação IPS-dadores (este sanguinus interruptus, se quiserem!):

Os 3 primeiros artigos que coloquei nesta lista estão lá apenas para dar exemplo de quão profundamente mal direccionada e “às escuras” está a ser levada a cabo a dita reestruturação do SNS. Alguns daqueles artigos baseiam-se em estudos que o próprio governo encomendou.
O quarto artigo coloquei-o porque acho que os bombeiros têm razão. Assim como os polícias se poderão queixar do mesmo. Os militares não necessitam porque têm hospitais próprios. Se nós esperamos que estas pessoas nos mantenham seguros de fogos e criminosos, de terroristas ou que lutem as nossas guerras, não é então do nosso interesse que eles tenham a saúde assegurada? É claro que essas benesses não se devem estender a familiares, como já aconteceu no passado, mas aos agentes em si porque não?
As notícias seguintes dão início à nossa (dos dadores) luta social com uma petição e com o fim dos esforços das associações de dadores na recolha de sangue. Depois surgem as notícias a dizer que os níveis de sangue armazenados estão perigosamente baixos. O ministro da saúde, não querendo admitir o erro que mandou executar, diz que tudo está bem e que as alterações nas isenções não vão causar problemas. Contudo, depois vem o colega de governo, mas não de clube partidário, pedir que dêem sangue. “Tudo está óptimo, mas é melhor virem depressa, tá?” e lá foi ele na sua scooter “para inglês ver” dar sangue. Depois disso, os vampiros desesperaram mesmo, como é demonstrado pelo que fizeram a seguir. Foram à Igreja. Ah pois é! Esqueçam que eles não gostam do crucifixo, eles adoram-no, especialmente estando desesperados.
Finalmente, a 15 de Março o site do IPS deixa de mostrar informação sobre os níveis de sangue. Really!? That bad?? Estes senhores não querem admitir o seu erro, muito embora os apelos desesperados continuem. A minha mãe disse-me que viu no telejornal que eles até andam a mandar mensagens para os dadores a pedir que dêem sangue. Se restutuirem o Estado Social nem precisam de pedir. Mas eles darem o braço a torcer? 'Tá quieto! Estes senhores são um perigo para a nossa nação. Mas que mais podemos esperar de vampiros que nem Sol nem Cruz temem?
O mais engraçado é que depois de me terem negado a isenção por uma acção que eu fazia benéfica para o Estado Social, deram-me, SEM EU A PEDIR (ao contrário do milhão de pessoas que entupiu os centros de saúde de Norte a Sul do país), chegou-me por correio, uma carta (que aqui posto com as reservas óbvias de ter vindo com a merda do AO90) que me dá isenção de taxa moderadora até Setembro, presumo eu por falta de rendimentos. Ou seja, sendo que não estou em posição de contribuir mais em impostos tenho direito a essa isenção, mas por contribuir mais em sangue que o comum dos mortais, acção para a qual a minha saúde pessoal é indispensável, já não tenho direito. Isto faz sentido? Bem, não é esta peninha fictícia pelo pobre que me vai calar, especialmente quando são estes vampiros que andam a distribuir miséria como se não houvesse amanhã, enquanto engordam figurativamente nos seus poleiros dourados no topo desse Olimpo a que chamamos Assembleia da República! Aliás, alegarem Crise e Austeridade necessária foi a única maneira de irem para o governo. Quando estava lá o Sócrates, o Passos andava a gritar “Bancarrota! Bancarrota!” por toda a Europa. Se alguém agora o fizer, ele é o primeiro a dizer que isso é anti-patriótico! Double standard much?? Esta minha revolta não é egoísta, nem altruísta, por isso não me calam apenas por que sou pobre o suficiente para continuar isento! Eu quero que os dadores de sangue tenham a isenção, para regressarmos à relação de mutualismo que tínhamos com o SNS e assim assegurar uma peça vital da engrenagem desta maquinaria essencial ao estado social. Na verdade, estou a pensar tanto em mim como em todos nós, e só não vê isso quem quer ser cego.

Como estes versículos se querem satânicos, não posso deixar de abordar outro assunto. No outro dia, também no site do Público, estava eu a ler um qualquer artigo de cujo o assunto não me recordo, e li um comentário (gosto sempre de ler as opiniões dos meus conterrâneos) que dizia em desespero, e parafraseio:
“Direita?? Mas isto não é um governo de direita!!”. Eu retorqui a este comentário dizendo, não sem uma ponta de ironia que apenas para um apartidário como eu seria máxima: “Oh, eles são a Direita, meu amigo! Se calhar você é que não!”. Mas depois fiquei a matutar naquilo mais seriamente. E acho que o tal senhor tinha razão e contudo eu também! Deixem-me explicar.
Eles não são a direita que se esperava, pela qual se fazem passar, e na qual a maioria (não absoluta) votou. Eles não são a Social Democracia, basta olharem para qualquer país da Social Democracia Nórdica. Mas continuam a ser Direita, porque a política deles não podia estar mais longe da Esquerda, no espectro político. Então que bicho é este? É simples, é a Direita Católica. E de facto nesse ponto, e talvez apenas nesse, o CDS é (dos partidos que compõem o actual governo) o mais verdadeiro. Diga-se de passagem que não precisa de muito para o ser, mas pelo menos assume-se como Direita Católica… não está no armário, né Paulinho das Feiras?
“O que é que ele quer dizer com aquilo, pá?”
“Shiu, Cala-te, cala-te, deixa-me ouvir!”
Reparem como ministros do PSD, seguindo com Fé Cega (realço) o Evangelho (apocalítico) da FMIta segundo Merkl e Sarkozy via Troika, alienaram vastos sectores da nossa sociedade, sectores que contribuem mais que o comum dos cidadãos (dadores de sangue e bombeiros, por exemplo e continuidade) para a manutenção da mesma e depois foram literalmente pedir milagres aos padres, para que estes conduzissem o rebanho da missa para a recolha do sangue. Será que vão pedir nas missas também que as pessoas destreinadas vão combater os fogos infernais que flagelam o nosso belo país verde todos os anos? Fiem-se na Virgem e não corram, não!!
Mas falar assim da Direita Católica parecer-vos-á talvez como que um mesquinho sentimento anti-católico vindo de um confesso ateu. Nada a ver. Os padres e bispos portugueses bem que têm tentado levar estes vampiros para melhores rumos, mas nem a Santa Sé parece ter mão neles. Ainda assim, quem é a Direita Católica historicamente?
Bem, quem eles são agora são aqueles que vos dizem para temer o comunista debaixo da vossa cama! :D , uma vez que o Lenine e o Estaline eram monstros! De facto, assim é, o Lenine e o Estaline não interessavam a ninguém, nem (como diz o meu povo) “ao menino Jesus”. Péssimos exemplos de seres humanos. Contudo, vejamos que exemplos tem a Direita Católica a oferecer-nos. Comecemos pelo o mais próximo, o rapa-tachos em pessoa, esse amante da Austeridade inventor gracioso do termo Encarnado, o maior dos portugueses (assim votado num programa da RTP), António Salazar. Lembrem-se que o senhor fazia os meninos na escola rezarem pela sua alminha antes de começarem o dia escolar e que o fenómeno de Fátima foi gerado e aproveitado pelo Estado Novo ainda nos dias de governo deste ilustre. Teve uma coisa boa, salvou-nos do Acordo Ortográfico certa vez! Mas continuemos e visitemos nuestros hermanos e lembremos El Generalíssimo, o Franco. Saltando por cima de França, aterramos na Itália e temos o Mussolini. Em sua companhia e através dele, o Hitler assinou uma concordata com a Igreja Católica. Afinal, qualquer tipo disposto a perseguir e matar judeus e comunistas tem de ser bom, né? Não? A sério? Oh pá!! E parece não ser só jogada, pois até no Mein Kampf o ignóbil e neurótico 666 diz acreditar em Deus. Os tropas nazis tinham no seu cinto Gott Mit Uns (Deus do nosso lado). Pelos números fornecidos pelos registos da própria igreja Católica, 20% dos agentes da SS eram confessos católicos. Nenhum foi excomungado, apesar dos seus crimes desumanos contra a Humanidade. Mas o Ministro da Propaganda do Hitler, Joseph Goebbels foi. Sabem porquê? Ahahah, porque se casou com uma protestante!!! Até os católicos têm os seus standards! Ou seja o Anti-Cristo em pessoa era um representante da Direita Católica. E reparem que o Hitler até é bastante próximo da nossa actual Direita Católica, esta de que vos falo. Ele próprio era membro duma irmandade secreta de índole pagã, à lá Maçonaria, de onde tirou as ideias da Suástica (runa hindu que simbolizava apenas o movimento perpétuo do Universo muito antes de ser símbolo nazi) e as tolices arianas. O nosso governo está cheio de Maçons. De facto, o ministro de propaganda do nosso governo é um Maçon. Conseguem adivinhar a quem me refiro? Podemos excomungá-lo? Mas assim tipo pá Lua?? Reparem como este governo já começa a estender os tentáculos da supressão de informação e mesmo afectar outras áreas que precisam de livre expressão, exactamente como acusou o seu antecessor de fazer. Na lista de notícias acima dada, é mencionado o cancelar da contínua informação dos níveis de sangue em armazém. Aquando da última greve, o governo disse que não publicaria os números da greve no seu site. Depois veio a notícia de que afinal publicariam mas só no final do mês. O final do mês veio e foi-se e nunca mais. Na RTP, a que eu hoje de coração pesado chamo Relvas Televisão Portuguesa, até o programa “5 pra Meia Noite” foi tocado por esta versão dissimulada de lápis azul. O Nilton, no seguimento duma piada que volvia em saber a reacção de Portugal face à sua morte, colocou no ecrã imagens dos debates das últimas eleições. Vimos Gerónimo vs Louçã, vimos Portas vs Sócrates, todos os quatro fracamente gozados pelo Nilton, mas o Dear Leader Passos Coelho não vimos em nenhuma das imagens. Quando os comediantes têm medo de falar do líder, é para começarmos a levar a coisa a sério. E verdade seja dita, a piada era fraca e o gozo para com os políticos foi inofensivo. Mesmo que Passos Coelho lá aparecesse, não teria sido ofendido. Reparem ao que já chega o receio. Relembro também a polémica daquele programa de rádio que foi prontamente cancelado por defender em alto e bom som uma posição antagónica à posição deste governo perante Angola, salvo erro. Felizmente não parecem ter mais parecenças, mas já são semelhanças suficientes para me arrepiar todinho!
O mais engraçado é que estes gajos todos, e refiro-me a todos os ditadores do século passado, se aliam com a religião mais numerosa ou poderosa de que disponham na área que querem dominar, não sem antes gritar ou alegar necessitarem de poderes de emergência para fazer face a Crises. O Estaline tinha um acordo com a Igreja Ortodoxa Russa, que agora é o braço religioso de Putin e de facto recentemente têm criado e feito circular estatuetas de Estaline com um halo de santo na cabeça!!! O Sadam Hussein, por exemplo, que surgiu no partido socialista iraquiano, era um sunita. Na Coreia do Norte, o Great Leader é ainda o chefe de estado, embora tenha morrido já há alguns anos. Foi declarado líder eterno após a sua morte. Temos então aqui a primeira "Necrocracia" do mundo! O seu filho, o Dear Leader, é o chefe do partido e das forças armadas, apenas. Reparem como estão a um passo de uma Santa Trindade, o pai no Céu, o filho na Terra… Tão ridículo, mas faz sofrer e manter na escuridão do espírito e do corpo tanta gente inocente. Onde quero eu chegar com isto?
Para haver liberdade democrática, numa república democrática, tem obrigatoriamente de haver separação entre o Estado e a Religião. Dessa forma, como percebeu Thomas Jefferson quando escreveu (com outros) a 1ª emenda da constituição norte-americana, que assegura liberdade de religião, o estado não pode oferecer estatuto especial a nenhuma religião ou denominação, o que implica que também não há perseguições religiosas pelo Estado. Pois se não apoia nenhuma, não está contra nenhuma. É a única maneira de haver verdadeira liberdade religiosa ou espiritual.
Quando Thomas Jefferson estava a escrever as emendas, houve um grupo religioso, a Danbury Baptists Association, que eram uma minoria religiosa no Conneticut, que lhe escreveu uma carta onde revelava medo de perseguição por parte de outro e maior grupo religioso, pois achavam que os seus direitos religiosos não eram vistos como certos e imutáveis, mas antes como um direito concedido por legislação. Na sua resposta, Jefferson disse-lhes para estarem certos de que iria sempre existir uma parede/muro/muralha (wall) entre a igreja e o estado. Daí surgiu a noção que ainda hoje vinga na América, ainda que de forma imperfeita, que é a Separação entre o Estado e a Igreja. Igreja aqui deve ser entendido como Religião. Eu soube deste episódio através do que para mim era um dos mais intrépidos jornalistas dos nossos dias e também um campeão pelas Liberdades do Indivíduo, infelizmente vitimado por um cancro em Dezembro do ano passado. O seu nome era Christopher Hitchens, grande amigo do Salman Rushdie, e os Meus Versículos Satânicos não estariam completos sem citar o slogan criado e propagado pelo Hitch:

“Mr Jefferson, build up that wall!”


O Hitch, como humanista que era, muitas vezes falava em necessitarmos de conceber a Cidade Justa e de implementá-la. Uma nação onde as liberdades e os direitos eram absolutamente respeitados. Nessa Cidade eu estaria a favor do governo que a mantivesse e continuamente melhorasse. Mas enquanto os governos se portarem com este abandono, com esta irresponsabilidade, com esta falta de capacidade de ouvir, com esta fé cega em quem tem o dinheiro, com este contínuo abraçar de uma cultura que protege o corrupto e fomenta a corrupção, eu estarei, como diriam os Resistência na canção “Esta Cidade”, «…sempre do outro lado da luta!». Na verdade, sinto mesmo a necessidade daqui citar mais dos versos dessa música, se calhar compelido por um poder maior! Ahahah


“Quero eu queira, quero não queira
No meio desta liberdade
Filhos da Puta sem razão e sem sentido
No meio da rua nua, crua e bruta
Eu luto sempre do outro lado da Luta!”

Para terminar quero deixar um apelo às pessoas deste país, aos meus conterrâneos, meus concidadãos, independentemente de credo, género, cor política, estrato etário, etnia e classe social. Peço-vos que entendam a posição dos dadores que escolheram lutar por um Estado Social de maior Justiça! Mais que isso, peço-vos que se mobilizem em nosso socorro, porque nós temos estado cá por vós, e se vocês estiverem cá por nós nesta nossa hora negra, no futuro nós voltaremos a estar cá por vós! Até lá, o meu blog vai ter o pin da Associação Portuguesa de Dadores de Sangue de pernas ao ar (sinal internacional de socorro) na sua lapela, onde desde início tenho tido uma imagem composta por mim a que chamei Shinobi Moon (vidé imagem abaixo)! (se usasse fato, este seria o pin que usaria na lapela). Diga-se de passagem que coisas invertidas costumam ser, por católicos, tomadas como satânicas. Por exemplo, o crucifixo voltado ao contrário deixa de ser sinal de Cristo, para ser sinal do Diabo, que assim goza com ele... este é o lore dessa mitologia, não culpem o mensageiro! Aliás, sabiam que anjo descende directamente do termo homólogo em grego antigo que quer dizer simplesmente "mensageiro"?
Deixo-vos então, espero que com muito para pensar, e também com outra música a condizer e, infelizmente, tão apropriada com a época que atravessamos agora, que me serviu de inspiração primária para estes meus Versículos. Afinal, "quem canta seu mal espanta"!
Até à próxima, meus/minhas caro(a)s!



Post Scriptum (ponho por extenso para não haver confusões ;): perguntar-se-ão vós acaso porque raio eu me dou ao trabalho de escrever estas coisas? Será que vivo na ilusão que toda a Lusofonia com acesso à net me lê e que desse universo todo uma maioria siginificativa concordaria comigo? Não! Não tenho ilusões de conseguir mudar o mundo sozinho. Mas também não tenho feitio para ficar impávido enquanto estes acontecimentos acontecem no meu/nosso mundo sem pelo menos tornar pública e clara a minha posição sem medos de represálias, visto que hoje temos meios baratos e fáceis de o fazer. Diria mesmo, meios (por enquanto) altamente democratizados. Além disso, ao escrever as coisas que penso obtenho uma maior clareza nesses próprios pensamentos & se me contestarem as ideias terei a possibilidade de aprimorar um argumento que doutra forma poderá ser um erro perpétuo ou nunca atingir o seu potencial máximo. Acima de tudo, faço-o porque desta forma exorcizo os meus demónios internos, os meus medos, as minhas dúvidas… desta forma luto, desta forma pelo menos acrescento algo, desta forma penso e existo.
PPS: Acrescento só que embora por resistência estou a não dar sangue, contínuo registado e pronto a doar medula. Há uns 3 anos, lembrei-me de perguntar o que precisava de fazer para ser também dador de medula. Nunca ninguém mo tinha proposto. Não ganhei mais por isso que uma caneta e um cartão de dador, ambos que não pedi nem esperava. A minha única pena é haver tanta gente a precisar e nunca me terem chamado para dar. Essa dádiva não retenho. E a do sangue só retenho porque há gente muita parva neste mundo e precisamos de combater essa parvoíce com as poucas armas que possuímos, em prole dum melhor futuro.
PPPS: Por outro lado, se tornarem AMANHÃ o SNS gratuito para todos, de bom grado retornarei a dar sangue regularmente!
PPPPS: Just kidding, não tenho mais nada a acrescentar! Ahhaha Bye bye, 4 now! ;)

domingo, 15 de abril de 2012

Novas, actualidades e trabalho de campo...

Venho mais uma vez dar-vos novidades de eventos, na sua maioria relacionados com o Japão, feitos em Portugal, mas também passarei por notícias de uma índole semelhante. Contudo, antes de começar, impõe-se (por razões históricas pessoais) que faça um “à parte”:
Nesta semana vindoura, entre os dias 16 e 20, decorrerá no Instituto Superior Técnico (IST) a Semana de Aeroespacial 2012 (SA2012) [http://www.sa.apae.org.pt/], organizada pela Associação Portuguesa de Aeronáutica e Espaço (APAE). O objectivo deste evento, já com vasta história, é a promoção de um estreitamento das relações entre os estudantes de engenharia Aeroespacial e a indústria, nacional e estrangeira, que lhes serve de mercado empregador. E, de facto, a SA2012 tem como objectivo principal servir de um super workshop virado para a questão da empregabilidade. Em anos anteriores, o evento terá servido mais como uma espécie de seminário para permitir aos alunos ter um contacto com o estado de arte da indústria aeroespacial, quando aplicada a uma dada situação. Exemplo gratia: a terceira edição deste evento, salvo erro, foi um curso em gestão de desastres. Foi numa altura propícia a essa questão, uma vez que os fogos florestais ganharam na altura grande evidência no nosso quotidiano de Verão, cá em Portugal. Portanto, procura-se que a Semana de Aero, para os amigos, esteja sempre actual. Eu próprio já fiz parte da direcção da APAE e venho aqui dar o meu modesto contributo dando destaque ao evento. Vai haver inclusive um workshop com um representante da Kelly Services, uma agência de trabalho temporário (inscrição obrigatória via http://www.sa.apae.org.pt/pt/ws.php), que se disponibiliza a analisar o CV dos inscritos afim de dar umas dicas de forma a melhorá-lo estrutural e funcionalmente com o objectivo de melhorar as hipóteses de empregabilidade. É uma novidade neste evento que eu vejo com muito bons olhos uma vez que poderá ajudar até o aluno de primeiro ano, que ainda longe de ter o canudo, pode precisar de recorrer ao mercado de trabalho temporário para fazer face à crise actual. Deixo-vos o programa ao longo da semana.

Não deixem de visitar a APAE em:
http://www.apae.org.pt/home/?lang=en
Para o actual da APAE, um abraço e continuem o bom trabalho.
Ora bem, antes de abordar as notícias que me saltaram à vista relacionadas com o Japão e realçar eventos relacionados, vou falar um bocado do mês passado. E porquê? Porque no mês passado decidi fazer trabalho de campo. Houve disponibilidade para tal e consegui ir a dois eventos dos que anunciei aqui.
Comecei por ir ver a exposição patente na Associação dos Arquitectos, para os lados do Cais de Sodré, no dia 7 de Março passado.

Tenho a dizer que não fiquei muito impressionado. A dita exposição estava remetida para uma pequena e escura sala (escura porque, segundo me explicou o prestável vigilante que assegurava a segurança da entrada, se ligasse aquelas luzes o quadro disparava... onde está um engenheiro quando se precisa dele? x), onde um filme era projectado numa tela branca, onde um(a espécie de) documentário que dava voz a vários arquitectos que falavam de um ou outro dos projectos em que tinham labutado, explicando as suas distintas e diversas abordagens. Essa projecção podia ser apreciada de um banco que consistia numa tabula de madeira sobre 2 tijolos, tipo viga com apoios simples. Meus amigos, há limites ao minimalismo!

Além disso, outro problema, o som estava baixo, pelo menos na hora e dia em que eu lá estive... demasiado baixo! Supostamente porque iria haver uma palestra ou encontro no andar de cima. Mas entretanto, os risos e conversas dos colaboradores e empregados daquela casa (nada a ver com o dito simpósio) não me deixavam ouvir praticamente nada do documentário.

Então no meio duma certa frustração, porque embora goste de brincar com a eterna rivalidade entre arquitectos e engenheiros (rixa homóloga quiçá do duelo cão e gato), a Arquitectura é uma arte sem a qual eu não viveria, olhei para o lado e reparei que partilhava o meu banco minimalista com um “livro” escrito em que quase todos os textos estavam escritos em Português e Japonês.

Esse manuscrito passado a computador e impresso, resumia cada capítulo do documentário. Li algumas secções, particularmente a referente ao MUDE [(Museu da Moda no Chiado) que me chamou a atenção pois já o frequentei aquando duma exposição lá patente intitulada “Proibido Proibir”, na qual me disseram à entrada “Não pode tirar fotografias”. Terei de realçar a ironia desta contradição auto-infligida? oO E sim, tirei umas quantas à socapa, só para respeitar o espírito da exposição.], mas depois procurei ver se haviam mais exemplares que pudesse comprar ou simplesmente levar. Infelizmente, escrito a lápis no próprio e (percebi então) única cópia do manuscrito dizia “Apenas para consulta”. Ora, se tivessem disponibilizado aquele documento, quer fosse a pagar ou oferendado aos visitantes, eu até perdoava o que me pareceu uma incrível falta de zelo para com aquela exposição, que tinha o aspecto de ter sido atirada para um canto com expectativas quase certas de que ninguém por ela se interessaria. Não sei de quem a culpa, se do organizador se dos anfitriões, mas não me interessa porque como dizem os Japoneses, e parafraseio, “Não atribuas culpas, resolve o problema.” Confesso que estou mal habituado, porque no IST todos os anos há exposições de maquetes de arquitectos e nesta exposição nem uma!
Houve um efeito secundário interessante à minha ida à Associação dos Arquitectos. No metro do Cais de Sodré, estava patente uma exposição de arte que simplesmente adorei. Eis algumas imagens:





Por outro lado, no dia 11 de Março, tive o prazer e a honra de estar entre os espectadores da Sessão Evocativa do Grande Sismo do Leste do Japão, no Palácio da Foz, nos Restauradores. Foi tudo excelente. Só o local em si vale a pena visitar. Ao entrarmos no Palácio, deixamos a Lisboa do século XXI e entramos num palácio do século XIX, com acabamentos lindos desde as fechaduras das portas às verdadeiras estátuas neo-clássicas que nos olham de cima, dos cantos dos tectos, quais deuses olímpicos, em tons de dourado. A exposição que precedia o seminário sobre o estado de arte da Sismologia, consistia numa exposição de fotografia, com imagens dos tempos imediatamente após o desastre natural, mas também desenhos que cruzavam o estilo de desenho japonês com a cultura tradicional portuguesa duma forma que me deixou maravilhado.


A um canto havia também duas iniciativas, uma delas pelo IADE (ver imagem) e outra que sinceramente não sei quem fez mas que pode ser vislumbrada no vídeo à esquerda. Os vídeos mostram essencialmente essa secção da exposição. Não houve espaço na memória da máquina para mais.










Ainda antes das palestras, uma mesa de comes e bebes preenchia um pátio e felizmente o dia estava solarengo. Havia também um bar aberto. Provei sushi ali pela primeira vez. É bom! Não reguei com sake, mas havia coca-cola!


Passado algum tempo, que passei a disparar a máquina a tudo e mais alguma coisa, apanhando pessoas pelo meio, começaram as palestras. O embaixador japonês começou a sessão com um discurso em Português, que embora deixasse muito a desejar, percebia-se e é de louvar o esforço visível nesse feito. Depois, o debate mediado pelo Engenheiro José Oliveira (Director Nacional de Planeamento da Emergência da ANPC), contou com duas palestras que se cruzavam. A primeira foi feita pelo Professor Atsushi Tanaka (Universidade de Tóquio, autor de muitas publicações na área de Gestão de Catástrofes e Director do Centro de Pesquisa em Informação Integrada de Catástrofes no Japão. Esta palestra centrou-se no sismo de 11 de Março de 2011, informando os presentes acerca dos vários sistemas em acção de prevenção e preparação anti-sísmica do Japão, país de grande experiência neste tema. Depois o professor Carlos Sousa Oliveira do IST, falou dos planos de risco sísmico da Área Metropolitana de Lisboa e do Algarve, conjugando-os com a palestra anterior e com os dados históricos do Sismo de Lisboa em 1755. Discutirei o que aprendi neste seminário a fundo numa futura entrada que vou fazer apenas sobre sismologia. E aprendi bastante, acreditem. Algumas ideias assustadoras, informações técnicas, filosofias de pensamento, etc... No fim das palestras, houve uma abertura à colocação de perguntas pelos ouvintes e à saída estes últimos foram presenteados com uma pequena grande lembrança feita pelos habitantes da zona afectada pelo sismo. O boneco é um sempre em pé que, como é explicado na nota informativa que o acompanhava, espelha o espírito daquela zona do Japão habituada a reerguer-se energicamente depois das quedas. Gostei e vai ser a minha prenda para o dia da Mãe pois acho que essa filosofia, esse espírito, tem tudo a ver com ela. Shiuuuu... ela ainda não sabe!




Deixo-vos ainda uma colectânea de notícias sobre mais notícias relacionadas com o Sismo de Março de 2011:
De há 1 ano:
http://www.publico.pt/Mundo/sismo-no-japao-reaccoes-da-comunidade-internacional_1484327
Deste ano:
http://www.publico.pt/Sociedade/criancas-orfas-de-fukushima-visitam-portugal-1537186
http://www.publico.pt/Sociedade/criancas-de-fukushima-chegaram-a-lisboa-e-ja-puderam-mexer-na-relva-1539716
http://www.publico.pt/Sociedade/cavaco-silva-recebe-criancas-de-fukushima-e-elogia-coragem-e-determinacao-do-povo-japones--1540116
Por último, tentei ir à exposição patente na Casa da Fotografia, em Lisboa, sobre Jardins Japoneses mas esqueci-me que nesse dia era feriado e não estava lá ninguém para me deixar entrar! :p Contudo, achei os horários muito restritivos, razão pela qual só consegui ir naquele dia, no qual aparentemente estavam fechados. Fiquei ainda assim curioso de lá voltar numa futura oportunidade porque gosto muito de fotografia.

E agora, para concluir, vou destacar alguns eventos luso-nipónicos a realizarem-se no futuro muito próximo:


“Concerto de “Koto” e Flauta por Naoko Kikuchi e Teresa Matias
No âmbito da programação da "Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura", irá ter lugar no dia 23 de Abril, pelas 21h30, na igreja da Colegiada em Guimarães, o concerto de Koto e flauta de Bisel pelas artistas Naoko Kikuchi (koto) e Teresa Matias (flauta de Bisel). Mais informações : bilheteira@guimaraes2012.pt

“Festa do Japão 2012
A Embaixada do Japão informa que irá decorrer a 2ª edição “Festa do Japão 2012”, no dia 2 de Junho (sábado), no Jardim do Japão, em Belém, no âmbito das “Festas de Lisboa 2012”. Mais informações serão divulgadas oportunamente através do site da Embaixada.
Mais informações : Sector Cultural da Embaixada do Japão - cultural@embjapao.pt tel: 213110560”

Os parágrafos a itálico foram copiados directamente do boletim informativo da Embaixada do Japão, que tem mais informações que podem consultar no seguinte link:
http://www.pt.emb-japan.go.jp/newsletter2012/Embaixada_do_Japao_Noticias_ABRIL_2012.pdf

O ano passado não consegui ir à inauguração do Jardim do Japão. Este ano espero conseguir ir à Festa do Japão, especialmente depois de ter ido à sessão de sismologia no Palácio da Foz, que me deixou com uma excelente impressão das capacidades de organização de eventos da embaixada. Por agora, é tudo, voltarei em breve com Vampiros e Sismos! Tenham medo, muito medo, pois como vos demonstrarei, ambos são reais, destrutivos, caóticos e imprevisíveis! Later, y’all!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Haru

Haru pode querer dizer “raio de sol/ luz solar” ou simplesmente Primavera. A Primavera chegou finalmente. Cá em Portugal, em pleno ano de seca, não foi o Sol a que demos as boas vindas nesta Primavera, mas à chuva que tardou a abençoar-nos com a sua presença. Mas estamos aqui para falar do Japão. A Primavera no Japão é anunciada pelo desabrochar da flor da cerejeira, sakura, flor símbolo do Japão. É nessa altura que decorre o período a que se chama Sakura Matsuri, Festival da Cerejeira. O costume é que as pessoas venham para a rua, encher os parques e jardins, ou o campo, apreciando a beleza natural e avassaladora do desabrochar lindo das flores. O Festival da Cerejeira dura cerca de 2 semanas, pois a flor da cerejeira tem um tempo de vida curtíssimo. Leves alterações climáticas precipitam a plenitude dessas flores, cobrindo o chão com uma bela alcatifa de pétalas. Pela beleza gloriosa que possuem e pelo seu curto tempo de vida, estas flores captaram a atenção de muitos samurais que sobre elas deixaram muitos poemas para a posterioridade. Viam nelas um reflexo belo do seu próprio caminho. Uma vida terminada no auge, numa morte gloriosa em batalha. A vida num sopro. Mas esta reflexão já era feita pelos filósofos japoneses, que chamaram a esta visão de mundo de Mono no aware (物の哀れ), que quer dizer “uma sensibilidade para com a efemeridade”.




Todos os anos, os serviços meteorológicos japoneses e o povo do Japão, seguem o sakura zensen (frente-onda da flor de cerejeira) enquanto esta avança para norte, através do arquipélago. Todas as noites, depois da meteorologia, segue-se um boletim a dar conta dos avanços do dia. O desabrochar da cerejeira começa tipicamente em Okinawa em Janeiro, e chega a Tóquio e a Kioto em finais de Março ou inícios de Abril. Prossegue então para as zonas de alta altitude a Norte, chegado a Hokaiddo algumas semanas depois. Os japoneses prestam atenção às previsões da chegada da sakura e quando esta chega inundam os parques, jardins e templos para fazerem festivais Hanami, festas de observação de flores. Há relatos históricos do século VIII que dizem que já se faziam estas festas no século III. Muitas escolas têm cerejeiras nos seus pátios e jardins. Uma vez que o ano fiscal no Honshu (a maior província/ilha do Japão) começa precisamente em Abril, o primeiro dia de trabalho ou de escola coincide com a época do desabrochar da cerejeira.


Contudo, a Sakura não é a única marca bela da Primavera japonesa. Algumas semanas antes da chegada da Sakura, as flores da ameixoeira japonesa, chamada Ume, desabrocham, enchendo jardins de outro espectáculo majestoso da natureza. As flores de Ume são uma importante parte da História e tradição nipónicas, e tal como a Sakura, surgem em diversos poemas e formas de arte. O templo Kitano Tenmangu é um dos locais do Japão onde melhor se pode apreciar o desabrochar da flor de Ume.
Se forem a Kyoto, eis a maneira de encontrar este templo: da estação GR Kyoto, apanha o autocarro 50 e sai na paragem Kintano Tenmangu mae.
Eis algumas imagens do templo e do que lá se passa:


Na época da ameixa japonesa, o templo é visitado por milhares e frequentemente é animado de festivais populares como o Baikasai (literalmente: festival da flor da ameixa).

O preço da entrada é 600 yen e inclui uma chávena de chá e um biscoito senbei.

A flor de Ume:

E antes de partirem, as pessoas saboreiam uma chávena de Amazake (sake doce) e doces dango:


O Baikasai ocorre a 25 de Fevereiro. Nesse dia, Geiko e Maiko de Kyoto são anfitriões duma cerimónia de chá. Tradição essa que já conta com mais de 900 anos de idade.


Outra nota de relevo, é que a 25 de cada mês, ocorrem feiras da ladra, onde há boas oportunidades de se encontrar antiguidades a preços razoáveis.





Muita gente vem desfrutar de um pacífico passeio pelo jardim, trajando kimonos tradicionais. Muitos estrangeiros partilham desta tradição!




O chá servido é chá de polpa de Kombu e infusão de ameixa. Chama-se Ume-Kombu-cha.



Ora além das imagens acima, quero também partilhar convosco a arte de Hiromi Tsuji, que me foi disponibilizada na página http://www.facebook.com/discoverkyoto


Imagem I
Título: Sakura- Zuki
O título é um dos nomes para o mês de Março no Japão,no calendário Lunar.
Legenda: “… uma jovem dama desfruta do seu sake, na companhia das belas flores de cerejeira nocturnas. O sake faz com que as suas bochechas corem e assumam o tom rosado da sakura…”

























Imagem II






Título: Satou-Gashi
Legenda: “Os bolos e doces ocidentais tornam-se no motivo de design do kimono desta jovem moça. Enquanto ela serve chá verde aos seus convidados na sua casa, ela usa chinelos em vez de zori, as sandálias típicas usadas quando se traja um kimono.”







Imagem III
Título: Tanpopo-Michi
Legenda: Quando a Primavera chega, o dente-de-leão, flor de todos conhecida, floresce por todos os cantos. "Um passeio por um caminho coberto de flores tanpopo que sorriem para si, enche o seu coração com felicidade e alegria. Eu queria expressar esse sentimento no design do kimono que ela usa.”

Para mais sobre a vida e o trabalho desta artista por favor visitem a sua página em: http://hiromitsuji.hannnari.com/

Em jeitos de despedida, aproveito para fazer um mea culpa, meus amigos. Fiz-vos uma promessa e não cumpri. Foi-me de todo impossível escrever, muito menos postar, a entrada sobre vampiros. É que a última semana de Março foi de avaliações e faltou-me tempo e serenidade para me dedicar a esse post, que surgirá então este mês. Obrigado pela compreensão! ;) Mesmo não sendo católico ou cristão, desejo-vos a todos uma Boa Páscoa, que entendo como uma altura de família, ovos e amêndoas, e contos para crianças!

See later, if not before…