domingo, 29 de julho de 2012

Natsu

Como canta a música “eu gosto é do verão”! Em Japonês, Verão diz-se Natsu, e o seu kanji é .

Uma vez que fiz um post sobre a Primavera aqui há uns tempos, decidi agora fazer uma entrada sobre a estação que se lhe segue e na qual estamos actualmente. Também, achei por bem fazê-lo agora porque num post anterior avisei sobre os malefícios e perigos do abuso da exposição solar ou de luz UV, mas mal toquei nos benefícios de uma exposição solar controlada e consciente. Comecemos então por esse lado, que é universal a qualquer cultura do mundo. Neste post, farei o reverso, focando-me nos benefícios do UV e reforçando a achega da protecção e prevenção de uma forma muito sucinta. É uma espécie de Yin para o Yang que foi o post sobre radiação.
A exposição solar do organismo humano, quando feita duma forma moderada, exerce efeitos positivos e essenciais neste último. Por exemplo, estimula a produção de serotonina, que é um neurotransmissor que produz uma sensação de conforto e descontracção. Além disso, estimula a produção de vitamina D. Aliás, todas as restantes fontes de vitamina D são insuficientes para uma vida saudável e necessitamos do Sol para produzi-la de forma natural e em maior quantidade. A vitamina D é responsável por manter os ossos saudáveis, reforça o nosso sistema imunitário e contribui para dormirmos melhor. Não sei se é directamente relacionado, mas quando passo um dia na praia (estando à sombra nas horas de exposição perigosa), durmo o sono dos justos na noite que se lhe segue. Contudo, os especialistas são da opinião, que num país como Portugal que tem tantas horas de luz solar, podemos não trabalhar o bronze e temos todos os benefícios na mesma. “Já foi demonstrado que o Sol melhora o nosso estado de espírito e a evolução de algumas doenças dermatológicas, como a psoríase, mas expor 5 minutos por dia qualquer parte do corpo, como o rosto, é suficiente para estimular a produção de vitamina D”, diz Aurora Guerra, dermatologista, na Super Interessante.
A fórmula para evitar riscos desnecessários é aplicar uma protecção adequada ao tipo de pele que se tem (fotótipo), e seguir algumas regras básicas antes e depois da exposição. Primeiro que tudo, deve-se aplicar o protector solar antes mesmo de sairmos de casa, mesmo que sejam produtos que prometam protecção imediata. É também aconselhável reforçar a protecção após um mergulho no mar ou na piscina ou se a pessoa se limpar com uma toalha. Para não ficarmos com a pela ressequida e/ou gretada, deve-se aplicar óleos ou cremes hidratantes depois da exposição solar. Os óleos hidratantes específicos para usar após exposição solar, feitos com aloé vera ou óleo de abacate, acalmam e refrescam além de também hidratarem em profundidade. Isto faz também com que o bronzeado dure mais tempo, um efeito colateral que pode ser de suprema importância para muito boa gente.
É também boa prática fazer uma visita anual a um dermatologista, uma vez que o cancro de pele se detectado atempadamente tem 90% de probabilidade de ser tratado com sucesso. É também de realçar que os jovens não sofrem muito deste cancro, pois ele surge do efeito acumulado. A incidência maior de casos deste tipo de cancro é a partir dos 50 anos. Logo, não acumulem e cuidem-se.

Embora o ponto anterior seja universal para qualquer parte do globo, o tópico que se segue, tem especificamente a ver com o Japão. Fazer a entrada sobre a Primavera foi fácil, devido ao grande ritualismo e quantidade de tradições que existem no Japão relacionados com o florescer da cerejeira e afins. Em relação ao Verão, é tudo menos claro. Então, tive de fazer perguntas e depois procurar as respostas.

      1) Terão os Japoneses a mesma cultura de praia que nós?
      2) E os festivais de Verão, têm-nos?

Ora bem, em relação à primeira pergunta, o que encontrei foi alguns fóruns de pessoas que tinham visitado o Japão no Verão e eis o que descobri. Parece que sim, os japoneses gostam de ir à praia dar uns mergulhos no verão, tal e qual como os 'tugas! Contudo, o Japão não é propriamente conhecido pelas suas praias, razão pela qual os turistas visitantes por norma visitam sempre outras zonas do país. É dito ainda que as praias mais cheias são as perto de Tóquio, mas que estas não são grande coisa para nadar, embora sejam as mais solarengas. As praias mais a norte, onde fica a zona mais campestre do Japão, são menos visitadas e provavelmente menos convidativas, acrescento eu. Quanto a ondas, o tamanho destas difere de praia para praia, como em qualquer zona costeira, mas desde que não seja um dia tempestuoso, o seu tamanho está entre 1 pé e 3 pés (NOTA: pé == medida inglesa equivalente a 30,48 centímetros). Este relato faz-me lembrar as praias em Lisboa, na linha de Cascais. Pouca ondulação, muita gente! :D O conselho final é que se tiverem no Japão e vos apetecer ir dar um mergulho, perguntem aos habitantes locais os melhores spots ou ao recepcionista do hotel onde ficarem. Bom conselho, embora me pareça mero senso comum.
Um outro comentário no mesmo fórum, revela-nos que as praias perto de Osaka não são grande coisa para nadar, mas se forem para Wakayama, encontram uma das praias mais visitadas em Shirama, que diz ser uma óptima praia pois importam areia da Austrália, que é ali perto (para nós, do outro lado do mundo). E acrescenta ainda que muito perto de Shirama está uma óptima praia deserta, em Minabe, que é tem uma extensão de areia de 5 quilómetros onde poucas pessoas vão. Quando o relator diz ter lá estado, viu apenas 5 ou 6 pessoas nessa praia. É também uma praia onde tartarugas marítimas desovam, por isso é mantida bem limpa. São também proibidos churrascadas e campismo nessa zona.
Fonte: http://answers.yahoo.com/question/index?qid=20090725034630AAFtuph
Embora sejam relatos interessantes, pesquisei um pouco mais e descobri um artigo noutro site sobre a Cultura de Praia Japonesa. Este é menos do ponto de vista do turista e gerado com a ajuda de japoneses. E a verdade é que por esta outra perspectiva descobri não as semelhanças às nossas aventuras de praia portuguesas (churrascadas, jogos de futebol praia amadores, mergulhos, surf, arrastões… uh… esse não era para dizer, certo? Bom, continuando…) mas sim as diferenças.
Comecemos por um conceito totalmente estranho: umi-no-ie, literalmente Casa de Praia. Diz a coluna que é algo a não deixar de visitar se alguma vez se tiver a oportunidade de ir à praia no Japão. É essencialmente uma pequena casa construída mesmo na praia e equipada com cacifos, chuveiros, que oferece comida e outros variados serviços. Não é nada de luxuoso, mas o consenso é que vale a pena lá ir para petiscar qualquer coisa ou fugir umas horas ao calor (se fora entre as 12 e as 16h melhor ahaha. Por acaso lá não sei se essas são as horas de maior risco). O menu mais popular nessas casas de praia é chamado yakisoba (imagem acima), basicamente, massa com um refogado variado por cima. Estranhamente é semelhante, julgando pela imagem, a muitos dos pratos que invento cá por casa que envolvem massa acompanhada de um refogado temperado com ervas e especiarias, com pedaços de carne e delicias do mar... tou a ficar com fome -.-' !! O conselho deixado é então que, se se tiver oportunidade de visitar um destes lugares, se sente no tatami, peça yakisoba e uma cerveja fresquinha e curta a cena de praia japonesa.
 A segunda actividade mais popular parece ser suika-wari. Suika quer dizer “melancia” e wari quer dizer “rachar”. Acho que daí já poderão adivinhar, caros leitores, senhoras e senhores, amigos e camaradas, irmãos e irmãs, a essência desta actividade. Consiste então num jogo, onde o jogador é vendado e fazem-no girar umas quantas vezes sobre si, depois dão-lhe um bastão e orientado apenas pelos gritos da multidão tem de encaminhar-se para a melancia e abri-la com o bastão. Cada pessoa tem direito a uma tentativa de abrir a melancia. Parece-me divertido!! É semelhante ao jogo da Pinata norte-americano. Uma nota interessante, é que as melancias são a fruta de verão mais popular no Japão. E mesmo assim levam porrada, imaginem se fosse um fruto não popular!! :D
Se por acaso forem à praia no Japão à noite, o mais certo é depararem-se com pessoas a brincarem com fogo de artifício. É uma actividade muito popular no Japão e as pessoas vão para a praia à noite para a fazerem. Como o fogo de artifício é colorido e a praia escura à noite, é o melhor sítio para família e amigos se deslumbrarem em pleno com o espectáculo de luzes, para além de haver espaço com fartura. Esta é uma actividade tradicional de Verão no Japão. Não se esqueçam é depois de levarem o lixo com vocês se participarem dessa actividade. A acumulação de lixo nas praias japonesas está a aumentar de forma directamente proporcional ao aumento de turistas no Japão.
Existe de facto um Festival, intitulado Hanabi Taikai (Festival de Fogo de Artifício), que é feito por todo o Japão, no Verão, em várias províncias por todo o país. Esta celebração é feita segundo o antigo calendário japonês, calhando a 28 de Maio nas margens do rio Sumida, pois em 1648 o Xogunato proibiu o uso de fogos de artifício senão nas margens do rio Sumida. A outra data é a 1 de Agosto, data celebrada precisamente pela liberalização do uso de fogo de artifício no pós 2ª Guerra Mundial, em 1948.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hanabi_Taikai
Etimologicamente, Hanabi (fogo de artifício) vem de Hana (flor) e Bi (tal como Hi, quer dizer "fogo"), ou seja, uma flor que arde. Uma imagem que bem inspira a beleza e o visual do fogo de artifício.
Portanto, todo um outro conjunto de experiências na praia aguarda-nos do outro lado do mundo, no País do Sol Nascente.
Fonte: http://www.hyogo-tourism.jp/english/column/2010_07.html

Quanto à segunda pergunta, relativa a Festivais de Verão Japoneses parecidos com os nossos, só descobri um, via wikipedia, que se chama Festival de Verão de Jazz de Nango. É o festival local de Nango, no qual se juntam músicos de toda a zona de Tohoku, e até de regiões mais longínquas, para actuar. Este é o maior festival de Jazz ao ar livre na zona de Tohoku, que teve o seu início em 1989, como um concerto num pequeno recinto fechado. Mas como obteve um enorme feedback positivo dos fãs, foi prontamente expandido para um enorme festival anual. Para se ir é necessário comprar bilhetes atempadamente, embora seja um festival de Jazz que nada custa.
Eu gosto muito de Jazz, logo seria algo que me interessaria, dependendo do preço! I am afterall a N.I.N.J.A. still.

Espero que seja tão interessante para vocês ler este post como foi para mim pesquisá-lo e escrevê-lo. Remeto-me agora, em jeitos de despedida, aos ditames do velho mas sempre divertido Porky Pig: “Abdi… abdi… that’s all folks!

Alex... singning off! :)

P.P.S.: (Adicionado a 22-08-2012) Até os bichinhos precisam de trabalhar o bronze:
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1559993
Achei que valia a pena acrescentar aqui esta curiosidade.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Notícias do Japão

Boas tardes. Sim, voltei ainda hoje. É só para vos notificar sobre o boletim informativo da Embaixada do Japão que me foi enviado durante este mês. Vou aqui destacar algumas das novidades que me parecem mais pertinentes e que ainda não tinha falado antes, e deixo-vos o link para o PDF informativo no final do post se quiserem saber mais ainda. ;)
[Nota: tudo o que está a itálico é citado directamente do boletim informativo, com pequenos reparos à utilização do AO neste último boletim.]

::: Realização do ‘Japanese Language Proficiency Test’
O ‘Japanese Language Proficiency Test’, promovido pela “Japan Foundation” e “Japan Educational Exchanges and Services”, será realizado no dia 2 de Dezembro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O prazo de inscrição para o exame é de 17 de Setembro até 9 de Outubro. Para qualquer esclarecimento adicional, contactar:
< Comité do ‘Japanese Language Proficiency Test’ - jlpt.portugal@gmail.com 
< Sector Cultural da Embaixada do Japão – Tel: 213 110 560 / cultural@embjapao.pt

::: Abertura do curso de mestrado em tradução da língua japonesa na Universidade do Porto
A Universidade do Porto abrirá o curso de mestrado em tradução da língua japonesa no próximo ano lectivo.
Os interessados deverão contactar:
< Faculdade de Letras da Universidade do Porto - sga@letras.up.pt
URL : http://sigarra.up.pt/flup/cursos_geral.FormView?P_CUR_SIGLA=MTSL


::: Bolsas de investigação da Canon Foundation in Europe
A ‘Canon Foundation in Europe’ concede bolsas de investigação para investigadores europeus e japoneses com mestrado ou doutoramento, para qualquer área de investigação. Os interessados deverão contactar:
< Canon Foundation - foundation@canon-europe.com // URL :www.canonfoundation.org

::: Abertas as inscrições para participar no Concerto “Wind from the Homeland
—For the Return of Japanese Citizens Abducted by North Korea—”
No seguimento da semana de sensibilização para os assuntos de violação dos direitos humanos por parte da Coreia do Norte (10 a 16 de Dezembro), a “Headquarters for the Abduction Issue” do Governo Japonês, irá organizar a 22 de Dezembro, para além do simpósio anual, um concerto coral musical, para o qual está a receber entidades para a respectiva participação, tanto nacionais como internacionais. Os interessados deverão contactar:
< http://www.rachi.go.jp/en/ - ej.rachi@cas.go.jp // Tel. +81-3-3581-3887, Fax. +81-3-3581-6011
< Prazo de inscrição :15 de Junho ~ 12 de Outubro
< Local do concerto : Iino Hall (2-1-1 Uchisaiwaicho, Chiyoda-ku, Tokyo)

Link para o Boletim Informativo completo Online:
http://www.pt.emb-japan.go.jp/newsletter2012/Embaixada_do_Japao_Noticias_JULHO_2012.pdf

Hôshasen


Pelo video acima, já devem ter percebido o tópico da entrada de hoje. Hôshasen quer dizer "radiação" em japonês. Vem no seguimento de outros tópicos anteriores, como os posts sobre hibakushas e o post sobre o terramoto de 11 de Março de 2011, mas também porque estamos a meio do Verão e um dos objectivos primordiais do NINJA Samurai é dar conhecimento, sempre que possível, prático aos seus leitores!
Por isso, comecemos por um aviso menos alarmante talvez, mas também mais presente e banal, que como tal corre o risco de não ser levado a sério pela maioria dos humanos.
 
No Japão, há uma tribo social e urbana que se intitula Ganguro (http://en.wikipedia.org/wiki/Ganguro), que significa “rostos negros”. Vestem-se de forma exuberante, pintam e descoloram os cabelos e têm a pele excessivamente bronzeada. Esse bronzeado conseguem-no através dos frequentes banhos de sol e/ou idas frequentes a solários. Para as jovens japonesas que pertencem a esta tribo urbana, não há nada mais fixe que uma pele excessivamente bronzeada. Em Portugal, como país à beira mar plantado que é, também temos uma cultura do “trabalhar do bronze”. Como vemos nas notícias, as pessoas desempregadas que vivem ao pé de praias, depois de enviar currículos em resposta a ofertas de emprego, pegam no telemóvel e vão para a praia. E quem não gosta de ver aquele bronze bonito e saudável na pele? Cada vez mais vemos as nossas actrizes e apresentadoras de TV bronzeadas durante todo o ano, graças à utilização de solários com regularidade.
Mas tudo o que é em demasia faz mal e, como se diz na minha família, “Por causa dos abusos é que o meu bisavô matou o corvo”. Já existe, de facto, um nome técnico para as pessoas que não conseguem viver sem uma pele bronzeada e que por mais bronzeadas que estejam sentem-se sempre pálidos: são os tanoréxicos. Pessoas cuja obsessão pelo bronze perfeito coloca em risco a sua saúde física e mental. O termo foi cunhado por dermatologistas norte-americanos e é indicativo de uma doença do fórum psicológico, embora possa ser acompanhada de lesões e queimaduras cutâneas. As pessoas que sofrem desta patalogia, foram primeiro descobertas pelo comportamento anormal de irem a um dermatologista com lesões cutâneas geradas pelos raios UV e mesmo assim continuarem a expor-se à radiação UV. “A tanorexia surge frequentemente associada a um distúrbio depressivo, à fobia social, ao distúrbio obsessivo-compulsivo ou, nos casos mais graves, ao distúrbio delirante do tipo somático. Neste último, o paciente manifesta a convicção absoluta e inabalável de que possui um tom de pele muitíssimo mais claro do que é na realidade.”, in Super Interessante. É semelhante à anorexia, no sentido de que um anoréxico nunca se acha suficientemente magro, os tanoréxicos acham-se sempre pálidos. E para suprir essa deficiência imaginária vão abusando dos banhos de sol, na praia ou na piscina, conjugados com visitas ao solário.
Ora bem, claro que podemos (e devemos, porque necessitamos de vitamina D) banhar-nos na luz solar. Contudo, devemos fazê-lo, como em tudo na vida, de forma consciente e cautelosa. Sabendo que temos hoje, não um mas, dois buracos do ozono na atmosfera terrestre torna-se imperativo que nos protejamos. E a protecção é simples de se fazer. A aplicação correcta de um protector solar factor 50 e sairmos do Sol nas horas de maior intensidade (das 11h às 16h), é o suficiente. Sim, é uma grande parte do dia, mas infelizmente a raça humana tem de pagar pelo que anda a fazer ao globo desde a Revolução Industrial. Pá, durante essas horas, vão beber umas cervejas para a sombra duma esplanada, vão comer um gelado, ou beber café. Vão a um cinema, se houver essa oportunidade. Depois, voltem à praia. Até tornará o dia de praia menos rotineiro.
Quanto aos solários, bem, isso é logo outra história:

"Os utilizadores de solários têm 20% mais probabilidade  de apanhar cancro de pele do que as pessoas que nunca os usaram e o risco  duplica quando a utilização começa antes dos 35 anos, revela um estudo hoje  divulgado.
O estudo, publicado no British Medical Journal, resulta do trabalho  de investigadores do Instituto Internacional de Investigação Preventiva,  em França, e do Instituto Europeu de Oncologia, em Itália, que analisaram  os resultados de 27 estudos diferentes sobre cancro de pele realizados na  Europa ocidental entre 1981 e 2012. 
Os cientistas concluem que dos 63.942 novos casos de melanoma (a forma  mais grave do cancro de pele) diagnosticados anualmente na Europa ocidental,  3.438 (5,4%) - e 794 mortes associadas - estão relacionados com a utilização  de solários. 
A exposição solar é a causa ambiental mais significativa do cancro de  pele e os solários tornaram-se a principal fonte de exposição não solar  aos raios ultravioleta na Europa Ocidental. Após analisarem 11.428 casos de cancro de pele, os cientistas concluíram  que o risco de melanoma decorrente da utilização de solários é de 20%, mas  o perigo duplica quando a exposição começa antes dos 35 anos. Além disso,  o risco aumenta 1,8% por cada sessão adicional de solário por ano. 
Os autores admitem que os primeiros estudos sobre solários subestimaram  o risco porque a utilização daqueles equipamentos era relativamente recente,  mas sublinham que entre 2005 e 2011 o risco foi aumentando, pelo que estudos  futuros poderão demonstrar um risco ainda mais elevado. 
Os investigadores citam dados provenientes da Islândia, onde os dias  de sol são poucos e onde a incidência de cancro de pele aumentou fortemente  após 1990 entre as raparigas jovens e diminuiu depois de 2000, quando as  autoridades impuseram maior controlo sobre a actividade dos solários. Defendem por isso que são necessárias "acções mais duras" para reduzir  a utilização destes equipamentos, já que a indústria tem sido incapaz de  se auto-regular, tendendo, pelo contrário, a distribuir informação não comprovada  que visa enganar os consumidores. 
Advogam que a utilização de solários por menores de 18 anos deve ser  restringida e que devem ser proibidos os espaços onde se faz solário sem  supervisão, medidas implementadas em Portugal desde 2005. 


Lusa", fonte (http://sicnoticias.sapo.pt/vida/2012/07/24/utilizadores-de-solarios-tem-risco-acrescido-em20-de-apanhar-cancro-de-pele). (NOTA: transcrevi o texto para aqui, em vez de apenas dar o link por duas razões: 1) porque é mesmo para lerem :D ; 2) porque quis emendar o AO usado pela SIC, sendo que as palavras reescritas estão a negrito.)


A radiação UV bem utilizada é boa e essencial ao nosso bem-estar, mas é uma radiação e como tal a resposta do nosso organismo à estimulação por ela causada é directamente proporcional aos níveis de exposição a que este último é sujeite.
Segundo a tira de jornal que aqui coloco, “scannada” pelo yours truly, existem 10 mil novos casos de cancro de pele todos os anos em Portugal. Este dado, se virem na imagem foi reportado no Correio da Manhã em 2011 e é feito um aviso que indica que a maioria dos cancros de pele surgem da exposição episódica fora da época balnear (id est, solários). É também aconselhado o auto-diagnóstico que consiste em detectar feridas que não cicatrizam ou sinais com formas irregulares e que aumentam de tamanho. Se forem avistadas quaisquer destas situações, devem de imediato recorrer a um dermatologista. O aviso e conselhos deste artigo são feitos pelo então secretário-geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, Osvaldo Correia.
Logo, tenham juízo e cuidado. Melanina e vitamina D são fixes, mas cancro não!





Passando agora a outro tipo de radiação que nada traz de positivo, a radiação nuclear. Recentemente vi um documentário, julgo que na TVI 24, intitulado Crianças do Tsunami (título original Children of the Tsunami, da BBC). É um documentário que todos devem ver. Reparte-se entre relatar uma situação de uma escola durante o tsunami, e de algumas mortes que ocorreram nessa escola devido a má decisões por parte dos professores, que (sejamos justos) como todos os restantes nunca esperaram um tsunami com as proporções deste e como tal não souberam reagir adequadamente (ver o post http://150anosportugaljapao.blogspot.pt/2012/05/mega-sismo-quando-o-infinito-encontra-o.html para mais explicações). Vê-se também a revolta dos pais que perderam os filhos e os vários processos de enfrentar essa dor pelos quais eles passam ainda hoje. E finalmente, é mostrado como toda a experiência afectou a vida e a mentalidade das crianças que sobreviveram à calamidade. Ainda é cedo para se poder determinar quaisquer efeitos físicos. Nesta última parte, não pude deixar de ficar mais uma vez espantado com a capacidade de encaixe, de adaptação, e mesmo de estoicismo das crianças. E sobretudo de aproveitarem o melhor duma situação muito má.
Por exemplo, há entre estas crianças uma grande quantidade que quer vir a trabalhar na pesquisa científica de várias áreas de forma a desenvolver formas de combater a radiação ou de a tornar mais segura. Outras desejam vir a trabalhar em algo que as permita salvar outras pessoas de futuras calamidades deste género, como elas próprias têm consciência de ter sido salvas. E o mais estonteante, as crianças sabem que não precisam de procurar respostas no sobrenatural para o que lhes acontecem, não esperam mais de deuses que não conhecem nem se perguntam “Porquê eu?”, chegando mesmo a dizer uma delas, e parafraseio: “A natureza umas vezes é boa para nós, outras vezes é má. A vida é mesmo assim e não há nada a fazer quanto a isso.” E dizem isto de uma forma realista e sem raiva. O conforto do ateu é saber que o caos é parte da natureza e que às vezes, como se diz nos filmes do Predator, “Shit happens.” Nunca é pessoal, é apenas aleatório.
Eu pensei em aqui descrever ou resumir em maior pormenor o que é relatado pelo documentário, mas prefiro que o vejam directamente, pois tem toda a qualidade da BBC e aquelas crianças são um prazer de conhecer :) (aqui entre nós, que nunguém nos ouve, encontra-se na net…). Eis um gostinho:


E assim me despeço, mais uma vez. Perdoem-me por ter estado tão ausente este mês e no anterior, mas o Sol faz-me “preguicite aguda”, if you catch my drift! ;)
Sayonara… 4 now!

Alex


Fontes: Correio da Manhã, SIC Notícias, TVI 24, Wikipedia, Super Interessante.