quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Cultura e Fazedores de Opinião Orwellianos

Amigos, eis que chegou Outubro e cá venho eu dar-vos umas dicas culturais (algumas indicadas pela Embaixada do Japão, outras doutras fontes) em Portugal. Já agora, reservo-me ao direito de não dar aqui voz aos eventos cuja organização e/ou criador tenham adoptado o acordo ortográfico de 1990 (AO90). Mas do AO90 falarei mais e em extensão ainda este mês, mas num post a ele dedicado.
Por outro lado, venho também alertar para os fazedores de opinião e como exemplos vou usar o fenómeno (social) reality show da TVI, que faz em 2013 13 anos e do professor Marcelo Rebelo de Sousa e outros comentadores da actualidade.
Portanto, tiremos da frente as chamadas de atenção culturais para depois nos dedicarmos inteiramente ao proverbial “elefante na sala”.
No Porto:
Em Lisboa:
Relembrar a Exposição Sou Fujimoto em Belém:
Em Lisboa também, quero realçar e referir a Exposição "Mais Menos", que é uma prodigiosa crítica ao Capitalismo desenfreado que ataca a nossa Sociedade Global. Eu não vou faltar. Mais informações nos links abaixo:

Local: Rua Fernando Palha, Armazém nº56 - Marvila - Lisboa

ATENÇÃO: ESTA EXPOSIÇÃO TERMINA ESTE SÁBADO DIA 12 DE OUTUBRO. Desculpem não avisar mais cedo, mas também só descobri ontem.

Site oficial: http://maismenos.net/




Portanto, quanto aos reality shows, particularmente os do género Big Brother (nos quais se engloba Secret Story), o que vos tenho a dizer é que o nome original é o apropriado, pois este género de programas não são só Orwellianos no facto dos “concorrentes” (e coloco entre aspas essa palavra porque estes programas NÃO são um Jogo, e já explico porquê) serem gravados 24 horas por dia, à excepção da retrete, onde são no máximo vigiados, mas também porque a Endemol e a TVI fazem uma campanha de desinformação e edição da realidade como bem entendem para, ignorando o que realmente se passa na Casa, passarem para o público do programa a história que a produção deste último vai guionizando. Poderão vocês perguntar: mas então todos os concorrentes são actores a desempenhar um papel? Não será isso impossível considerando o tempo que demora? Não teriam de ser actores incríveis para aguentar um papel 3 meses?
Bem, se fosse necessário, sim. Mas a verdade é que é facílimo editar imagens e som para com um filme fazer outro. Quantas vezes não sai uma versão dum filme para o cinema, depois uma versão diferente em DVD (algumas em que o sentido da história muda por completo, no caso do "Blade Runner" por exemplo) e ainda um directors cut? Portanto, enfiam-se 20 marmanjo(a)s numa casa com câmaras, onde a única regra é que a Voz é soberana e onde o jogo consiste em mentir aos restantes para não descobrirem um segredo, enquanto cumprem missões secretas (os outros também não podem saber-te em missão) mandadas pela Voz. Essas missões fazem com que os concorrentes tenham atitudes e acções que normalmente não teriam, ficando estas gravadas e fora de contexto, sendo que o contexto pode ou não ser transmitido à audiência que vê o programa. Relembro que na emissão quasi-não editada, porque a produção cala microfones de concorrentes e ou muda de cena conforme lhes dá jeito no canal 13 do Meo, nunca vemos os concorrentes no confessionário. Portanto, quem acompanha na Zon ou por TDT nem sabe da missa a metade. Considerando que são as imagens que chegam à generalidade da população que formam o maior número das opiniões, até porque ver aquilo em directo é tão maçador quanto qualquer outra novela da TVI, e considerando também que se isto fosse mesmo um Jogo seria ganho pela popularidade, conclui-se que se a produção edita as imagens para escrever a novela “da vida real” que quer está a minar ou a favorecer a popularidade deste ou daquela “concorrente” e como tal a viciar as suas hipóteses de ganhar. Passa-se o mesmo na política e lá chegaremos. Mais, o facto dos participantes não serem actores, só faz com que as suas reacções sejam mais genuínas, o que é melhor que lá meter bons actores que pela fadiga desmascarem o programa ou maus actores que se veja logo estarem a fingir.
Qual o interesse, diriam vocês? O dinheiro que muitos patetas gastam de telemóvel a votar neste ou naquela participante.
Ainda quanto aos reality shows, vou dar uns exemplos deste que agora decorre na TVI/Meo.

Primeiro exemplo: esta semana houve uma prova qualquer em que um “concorrente”, que é pai e tem lá a mãe da sua filha a participar também, chamemos-lhe T, recebeu um telefonema da Voz que o mandou dar um beijo a uma concorrente na boca. Eu vi a cena ao lado da minha mãe, em directo e não editado no Meo. Claramente o gajo virou-se para uma concorrente muito vivaça pequenita, chamemos-lhe J, e disse “Queres-me dar um beijo?” mas o beijo não aconteceu e passado algum tempo ele disse para as mulheres que lá estavam “Quem me quer dar um beijo?” e outra concorrente bem alta, chamemos-lhe D, saltou enérgica do sofá e aceitou com agrado o desafio. Mais tarde, a ferida mãe da filha do gajo em questão disse que essa rapariga parecia que tinha um foguete no cu para o beijar, enquanto que a D afirma que foi directamente convidada a isso. No compacto da TVI generalista, ouvimos o T dizer “Queres-me dar um beijo?” mas não se vê a quem ele o diz, não ouvimos a segunda pergunta feita a qualquer mulher que está na sala, e vemos a D a aceitar o desafio. Ora isto é uma edição de imagem e som para reescrever os acontecimentos na Casa e formar a opinião, tornando “verdade” uma das versões de uma das participantes em detrimento da outra, que surge como alguém que está iludida com a realidade por questões amorosas. No 1984 de Orwell, que hoje anda muito no meu pensamento, havia um ministério inteiro (onde trabalha a personagem principal do filme) que se ocupava de reeditar e voltar a emitir livros de história e até jornais de forma a reescrever a história de acordo com as “verdades” do governo central, personalizado no Grande Irmão.
Segundo exemplo: referindo-me ao facto de eles até editarem o que nós vemos no Meo, por exemplo quando a conversa não lhes agrada eles prontamente mudam as cenas. Conversas explícitas sobre sexo ou quando os concorrentes afirmam que andam a partilhar medicação, sem aconselhamento de médicos, dentro da casa para poderem dormir, a Produção muda logo de micros e local da casa a ser mostrado.
Só para reforçar a ideia de porque é que não é um jogo, não há nenhum jogo ( que eu conheça) em que não haja regras excepto obedecer ao mestre. Talvez ele exista na Coreia do Norte (estado Orwelliano tornado realidade) ou numa relação Sado-maso.
Uma última nota sobre o reality show actual da TVI. Ora eu vi o BB1 e fui das pessoas que curtia o Marco Borges, participante que por ter agredido outro saiu da casa (embora o tivessem tentado convencer a ficar). Depois disso o Marco surgiu aqui e ali, em programas de rir, como por exemplo um que parodiava o Big Brother onde Ricardo Araújo Pereira encarnou D. Afonso Henriques, com o célebre “Vamos andar à porrada!”. Achei uma certa piada que o irmão do Marco, o Aníbal, entrasse agora na casa. Essa piada morreu ao fim do primeiro dia. O que o Aníbal está a fazer, não sei se por autoria própria se por desejo da produção (se por ambos), é assumir um comportamento de um tirano. O Salazar também não queria confusão nas ruas, queria paz e sossego, e a PIDE impunha-a. O Aníbal faz isso também e sozinho, mas num mundo de 20 pessoas e um Deus (a Voz), única autoridade acima de Aníbal. Na Coreia do Norte, também uma ditadura de cariz militar, acreditam ou fazem o seu povo acreditar que o Pai morreu e lidera do Céu, enquanto já renasceu no Filho que lidera o exército na Terra. Estão a 1 passo duma santa Trindade, e na Casa dos Segredos, Aníbal e a Voz fazem esse duo dinâmico. Até têm Mandamentos da Voz e parece-me que o Aníbal está desejoso para ser o Papa, senão o Messias!
Depois, o Aníbal vem com uns discursos moralistas incríveis (como se não tivesse 37 anos mas sim 1000. É que até podia ser eterno e um Deus, eu não reconheço autoridade a ninguém excepto mediante argumentos válidos e não apenas de autoridade, sobre a minha pessoa) e uma incrível falta de humildade, sob uma máscara, que só engana tolos, de uma pessoa extremamente humilde. Diz aos outros que tratem as raparigas da Casa como irmãs, “porque elas têm família em casa”, e depois diz a uma que ela é má pessoa (não dizendo mais nada, mas depois justificando essa afirmação com o facto da pessoa ser fútil. Posso ser só eu, mas acho que ser-se fútil não implica ser-se uma má pessoa) esquecendo-se que a família dela está a ver aquilo, e diz a outra para enfiar as palavras dela no cu enquanto lhe chama 3 coisas, uma delas sendo egoísta, criando um péssimo mau ambiente num espaço fechado, que a rapariguinha bem mais nova que ele teve o juízo de não alimentar e que depois, pelo diálogo, fez com que Aníbal tivesse de perceber que errou. Perante os outros, Aníbal justificou-se alegando que nem se lembra do que disse, mas “que foi de coração”. Faz-me lembrar o Passos Coelho e os dessa laia. Mais uma vez se esqueceu que a rapariga em questão tem família em casa e não vai gostar de ouvir aquilo, mas que importa isso? Foi de coração. Usa e abusa da idade como patente militar e procura instalar na casa uma ditadura militar. Quem quer que seja que não concorde com ele, e com ou sem tomates, lhe tenha a audácia de dizer, tem-no como inimigo. Exemplo, ainda na noite em que foi nomeado, disse a um companheiro que quem o tinha nomeado acabara de lhe facilitar a vida (id est, já tem quem nomear se lá ficar). Outro exemplo: ainda à coisa de umas horas, o ouvi dizer a outros dois participantes que se eles se queriam zangar com ele (e é ele quem está sempre a criticá-los e a deitá-los a baixo porque eles não entram na linha como os outros e, coincidência das coincidências, estão nomeados com ele esta semana), que se fechavam os três no quarto e a coisa resolvia-se rapidinho. “Até podem vir os dois”, disse-o ele, todo macho. Pudera, um homem de 37 anos, praticante de artes marciais, treinado nos fuzileiros, a desafiar dois putos, um dos quais que aparente ter um parafuso a menos. Tanta coragem. Quando um desses dois interpelados perguntou e muito bem “Resolvia-se como?”, ele não respondeu mais que “Resolvia-se logo”. O rapaz insistiu e foi directo, perguntando “Pois, mas como? À porrada?”, não foi o Aníbal quem disse que não (pois fora exactamente essa a intenção das suas palavras, qualquer tanso que as ouvia o perceberia, até a Voz que disse ao nesse momento, “Moderem o Tom de Voz”) mas sim o T, que mais parece o Terrier do Ditador, dizendo “Achas que era à porrada?, era a falar!” ao que o outro rapaz que acabara de ser ameaçado questionou “Então porque é que tínhamos de estar fechados no quarto?”. Acrescento ainda que o Aníbal contradiz-se com a mesma facilidade que Passos Coelho, dizendo que não liga a bens materiais, para mais tarde dizer que prefere não comer marisco a comer miolo de camarão, para o senhor imaterial só camarão do bom. Diz à Voz, quando esta multou os participantes por dizerem asneiras, que achava muito bem mas que a coima devia ser maior e ele é o maior brejeiro naquela Casa. O Aníbal contudo confessa-se várias vezes ali um homem frustrado, acho que ele isso não precisa de dizer sequer, nota-se! Quanto aos outros, assinaram o contrato para serem escravos da Voz, amanhem-se e aturem-no que eu não tinha estômago. Odeio ditadores e não aceito tons paternalistas de ninguém, sabendo eu que tanto posso aprender com crianças como com adultos, é apenas uma questão de manter os sentidos despertos e não me armar em superior. O Aníbal, e por isso disse que ele tem falsa modéstia, impera naquela casa como o dono da verdade, com um único argumento (que é de autoridade) baseado no facto de ser mais velho e “de ter quilómetros naquele corpo”, parafraseio, impondo o seu regime autoritário e sendo o primeiro a desrespeitar os seus próprios conselhos. Diz que adora ler, mas só lhe ouço sair da boca sabedoria de cartomante feirante ou de horóscopo e violência glorificada. Quando os meus pais tinham um café, ouvi milhões de vezes as histórias que ele conta naquela casa, por outras bocas e mudando os cenários e intervenientes, contadas no mesmo tom de soberba, geralmente por pessoas frustradas com a vida e/ou ébrias, mas com a mesma retórica que ele usa. E diz ele que quer instigar espírito de grupo, sendo ele o primeiro a ser sectário à lá Bush “se não estão comigo, estão contra mim.” Comportamento normal em alguém que diz adorar ler, mas depois diz que o terramoto em Lisboa foi em 1975, ao lhe ser dito que estava errado, ele recíproca “E o 25 de Abril foi o quê, Voz?” (alegando talvez que nessa data foram abaladas as fundações do estado), mas é de relembrar o nosso militar na reserva, que o golpe de estado do MFA foi em ’74. Disse ainda hoje que, 2 a dividir por 2 é 0. Não sei que livros ele anda a ler, mas largue os de auto-ajuda e conselhos pesudo-budistas, e pegue em livros de História e Matemática que lhe farão melhor. Até porque ele está sempre a dizer aos outros para andarem na paz e no amor, mas está constantemente tenso, nervoso e agressivo, sendo que algumas das “concorrentes” expressaram já ter medo que ele se passe. É o proverbial, olha ao que eu digo e não ao que eu faço. Hipocrisia a ser apresentada com sabedoria. O verdadeiro líder, lidera pelo exemplo, e “palavras são vento”, como diria RR Martin.
A minha mãe, que se isso importa tem mais de 50 anos (parece importar ao Aníbal), está tão desiludida e enojada com o desempenho e personalidade dele (ela ainda gostava mais do Marco que eu) que queria ir votar para ele sair. Tive de a recordar que aqueles votos não contam para nada, que noutra edição da Casa dos Segredos um concorrente que já tinha saído perguntou à pivot “Porque é que a claque da pessoa que sai a cada semana é sempre colocada naquela bancada no início do programa?”, coisa que eu já tinha reparado, e no programa seguinte já não se verificou. Ora no início do programa supostamente ainda não acabaram as votações, lembram-se? Aquilo é dinheiro fácil, que se junta ao que ganham da publicidade, sendo que não há forma de um cidadão comum verificar ou recontar os votos, porque para isso precisaria de uma autorização de tribunal para ver todas as chamadas recebidas naquela semana para aqueles números. O totoloto tinha um Júri a assegurar os procedimentos e apareceu lá a bola 0, quando este algarismo não existia nos talões. Eis o tesourinho deprimente:
Agora estas votações que nem são controladas por ninguém, que garantias têm de que influenciem algo mais que a carteira da TVI e da Endemol? “Os portugueses são soberanos”, repetem eles incessantemente, nos muitos espaços de opinião que a TVI tem, com comentadores das revistas cor-de-rosa e ex-participantes onde reforçam as opiniões que a Produção quem gerar na sua audiência. Dá-me vontade de rir... isto porque não sou de chorar. Repare-se, a título de exemplo, desta bronca percentual que surgiu num programa que tem um funcionamento semelhante aos Reallity Shows à lá Big Brother em termos das votações por telefone:
No programa anterior, o chamado Big Brother Vips, no qual ainda hoje não percebo porque usaram VIP e não famosos (é que não vi lá uma única Very Important Person), em que entrou o Zezé Camarinha, alguém na primeira semana, das concorrentes, disse: “O Zezé tem contrato para cá estar 5 semanas.” Eis que o Zezé saiu à quinta semana. Mas o que vale é que isto não está já programado e que “os portugueses são soberanos”. Se a minha mãe, com os seus 50 e tal anos, com o 12º ano de escolaridade, se deixa envolver emocionalmente tanto pelo programa ao ponto de cair na ilusão, num impulso emocional, para querer gastar dinheiro nisto, esquecendo-se da conclusão a que também ela já chegara de que, pelo menos, neste caso os portugueses NÃO são soberanos, como não hão-de ser levados as muitas espectadoras e espectadores da TVI que abordam actrizes na rua criticando-as pelos comportamentos e atitudes das suas personagens como se actores e a personagem que desempenham fossem a mesma pessoa não cair no logro? E os miúdos, os putos e pitas que vêem o programa?
Não estou a dizer que se cancele ou proíba Big Brothers e afins, não faço parte do PSD (tabaco) ou do BE (touradas), apenas quero alertar os espectadores dos programas para que saibam uma simples e incontornável verdade, o objectivo desses programas é controlar não os participantes do mesmo, mas sim a sua audiência para vende publicidade, ganhar share e levá-los a votar duma assentada. Considerando que a Casa já lá está há 13 anos, que as mudanças decorativas e a comida estão a cargo do IKEA e do Intermarché, em termos de modelo de negócios, este programa é o sonho molhado de um capitalista. Ah, esqueci-me da mão-de-obra barata providenciada por um país em que os Chico-espertos é que são os maiores e que muita gente está disposta a dar “o cu e 10 tostões” para ser famoso... nem que seja apenas por 15 minutos. E por isso vendem a sua liberdade e privacidade potencialmente por 1 ano à Endemol. Uma coisa concedo a Miguel Sousa Tavares, creio não estar em erro que ele disse algo nestas linhas, os reallity shows trazem ao de cima o que de pior há no ser humano. Se não foi ele que o disse, alguém disse e eu concordo com a afirmação.

Transportando esta temática para a Política, onde esta desinformação é muito mais perigosa, embora e precisamente, por ser mais subtil. Tomemos dois casos concretos: a última opinião do prof Marcelo na TVI e uma das críticas apontadas e bem por José Diogo Quintela ao Miguel Sousa Tavares.
O professor Marcelo, em rescaldo das Autárquicas, na passada segunda-feira afirmou que a vitória de António Costa fora tão esmagadora pois conseguira entrar no eleitorado do PSD, do BE e da CDU. Ora, eu não sei onde é que o professor foi saber esses resultados, mas de facto a CDU subiu em número de votos face a 2009 a nível Nacional em geral e em particular em Lisboa, logo é impossível que o Costa tenha entrado no seu eleitorado. Isto cheira-me a “nhufa” dos vermelhos... ou será encarnados, professor? Pequena provocação, não leve a mal, professor.
A imagem é retirada do Correio da Manhã do dia 1 de Outubro e uso essa fonte porque é precisamente um jornal bem à direita na sua retórica editorial. Mas para ter mais que uma fonte, fui também buscar os resultados do Expresso:
Mas esta desinformação, e é de notar-se que o professor Marcelo não é homem mal informado ou de falar de cor (excepto quando faz previsões), é expectável. O quanto eu não me admirei de na altura antes e depois da Campanha Eleitoral das Autárquicas, as televisões SIC e TVI, tipicamente com visões de direita (reparem quem convidam para comentar a política assiduamente), darem tanto tempo de antena ao Jerónimo de Sousa, chegando ao inédito de passarem na integra os discursos da festa do Avante! e tudo. Um teórico da conspiração assumiria uma de duas posições: ou até os da direita estão fartos deste governo, mesmo no privado; ou alguém decidiu jogar os dados para ver se o PCP consegui impedir a vitória histórica do PS (expectável na medida em que já não passamos tão mal neste país desde o Estado Novo). Mas agora que se tentou essa jogada, a reacção tem de ser célere, não vão os vermelhos crescer para lá da conta. Entra Marcelo Rebelo de Sousa, o único comentador que não usa o argumento da cassete e que até diz que o PCP e muito inteligente na forma de agir e de não atentar contra o Presidente da República, etc..., desvalorizando a pequena vitória comunista simplesmente não falando dela (na segunda-feira – podem ver o vídeo no site da TVI) e quando fala de passagem na CDU, mete-a com as restantes forças derrotadas, distorcendo a realidade, como comprovado pela imagem acima em conjunção com as palavras do professor. Nem tão pouco o professor Marcelo dá a entender que a esmagadora maioria de António Costa se deve à abstenção. António Costa tem uma maioria absoluta duma minoria que se decidiu a votar. Não acreditem em mim, pesquisem os valores da abstenção do eleitorado alfacinha e percebam isso por vocês mesmos. A CDU foi o único dos 5 partidos da Assembleia da República que subiu o número de votos face a 2009, quer em Lisboa, quer a nível nacional, como demonstram os dados do Expresso e Correio da Manhã (duvidem, e vão em busca doutras fontes):
Dois factos importantes numa análise digna de um politólogo como o Professor Marcelo que são convenientemente deixadas de parte para, digam comigo, nos moldar a opinião.
O caso Miguel Sousa Tavares versus José Diogo Quintela é menos patente, mas demonstra bem o pensamento dos intelectuais da direita que comentam a actualidade socioeconómica portuguesa, como é o do MST. José Diogo Quintela apanhou-o em falso a criticar (e bem) todos os gestores banqueiros deste país por nome, exceptuando um que só por acaso é seu compadre. Vejam imagem abaixo:
Em resposta, MST afirmou sem sequer fundamentar que José Diogo Quintela é um verme que vive à sombra de Ricardo Araújo Pereira e que agora quer usar o próprio MST para se promover, enquanto diz que a sua (de MST) boa educação não lhe permite criticar a família em praça pública. Já a família dos outros que se foda... quem é que isto me faz lembrar? Ah sim, a cultura dos compadrios e jobs e business for the boys que reina na e destrói a nossa nação. Reparem que o MST ao fomentar más opiniões dos concorrentes do seu compadre, enquanto deixa este último intocado, está a favorecer o seu familiar por lei (usando a expressão americana) na opinião pública. Mas o MST é bem capaz de dizer mal de outros que façam o mesmo. Viva a boa educação, tão bela desculpa.
Mas podem vocês dizer: “Mas, Alex, tu já aqui citaste o MST, concordando com ele! Critícá-lo agora não enfraquece os teus argumentos de então?” Ao que a minha resposta é simples. Não, não enfraquece, porque eu ao formar a minha opinião ouço o máximo de opiniões possíveis, penso em todos os argumentos que ouvi, peso o mérito de cada argumento baseando-me no argumento em si (com o auxílio da lógica e dos meus valores pessoais) e não em quem o teceu, e depois então crio a minha opinião, que nunca é suprema e está sempre inacabada e passível de ser alterada ou abandonada ou quiçá reforçada, por argumentos que entretanto surjam e que eu não levara em conta inicialmente. Isto para recordar que o argumento de autoridade, do género “aquele é doutor nalguma coisa logo a opinião dele vale mais que a minha“, não tem valor algum, pois um argumento, uma opinião, vale pelo seu próprio mérito (rigor lógico, premissas e fundamentos) ou falta dele e não por quem a diz. Não comam então a papinha dos jornais, dos fazedores de opinião, vivam (e uso agora uma metáfora cinematográfica) fora da Matrix. Pensem por vocês mesmos. Custa mais, envolve mais pesquisa, mais debate, mais interesse, dá mais trabalho, mas permite-vos escapar às amarras que leva tanta gente a votar desta forma porque o padre assim aconselhou o rebanho (estou a ser literal, aconteceu na Meia Via, concelho de Torres Novas, distrito de Santarém, em prole do PS) ou só é voto válido se for ou no PS ou no PSD. O primeiro passo para sermos livres é sermos livres na nossa própria mente, daí ter trazido a Matrix à baila.

Quero só realçar que, desto modo e sem qualquer embaraço, admito que vejo programas tão estapafúrdios e embrutecidos como estes (i)reallity shows, tal como ouço o Marcelo, o MST, leio o Público e vejo séries e filmes. Pode-se aprender algo ou retirar algo de valor da fonte mais inesperada. Não sou adepto da atitude de intelectuais demasiados cheios de si mesmos e que gostam de se dar a ares de elitistas... tipo o MST. E se agora vejo menos TV, é porque tenho a net, não quis comprar tdt nem gastar dinheiro em serviços de TV e porque a maioria dos canais tem AO90 que me dá asco. Vejo todas essas coisas porque vão fazendo parte, para bem ou mal, da sociedade na qual me insiro e a única forma de me precaver ou salvaguardar dessas coisas é conhecê-las o melhor possível, procurando sempre o que há nas entrelinhas e nos bastidores, porque a superfície tende sempre a ter o verniz da hipocrisia social. Como é dito por um excelente actor inglês no filme “A Knight’s Tale”, e parafraseio: “Toda a actividade humana está inserida no escopo do artista... mas talvez não a tua.”
Voltamos a falar em breve e estou aqui disposto a entrar em diálogo convosco, desde que tenham argumentos de jeito, bem fundamentados, e que não se rebaixem ao insulto fácil, como naquela instância, com o Quintela, fez o MST.
De minha parte, “É tudo... por agora!” ;)

P.P.S.: Acabo de ouvir no Compacto de hoje na TVI que o Aníbal é uma homem duma cultura extraordinária!! Ainda gostava de ver a gravação completa de todas as intervenções que a Marta fez na rua, é que me cheira que há daquelas edições tipo quando querem dizer que os estudantes portugueses são os mais burros e só escolhem os piores exemplos de todos os gravados para comprovar a sua tese, em detrimento da realidade. Este último exemplo é concretizado nesta reportagem da Sábado, a qual diz que entrevistou 100 alunos universitários em Lisboa. Ora 100 alunos dificilmente são uma amostra populacional que possa representar as dezenas ou centenas de milhares de alunos universitários que estudam em Lisboa. Fora isso, é-nos mostrado uma peça de 6 minutos, em que não vemos mais de 10 pessoas. Mesmo que isso provasse alguma coisa, se 6 minutos mostram 10 pessoas, seria preciso no mínimo um vídeo de 600 minutos para mostrar os 100 entrevistados. Que aconteceu aos 90% dos entrevistados? Talvez tenham acertado?
Nas entrevistas que a Marta faz às portas do Colombo, decerto que ou as pessoínhas não estão ocorrentes, pois assim escolheu a TVI e a Endemol, que o homem não sabe dividir 2 por 2 e que acha que 1975 um terramoto destruiu Lisboa (Sem dúvida, um pilar cultural!!); ou pura e simplesmente a sapiência de feira é tudo. O que explicaria vivermos no país de Passos Coelho e de Sócrates, de Cavaco e Soares!!
Prevejo que a Produção vai poupar o Aníbal e meter o tanso do Rúben para fora da casa, uma vez que o tal Bruno é o único naquela casa que calmamente faz frente ao Aníbal e não tem ar de ter uma deficiência mental. Prevejo igualmente que após se achar na mó de cima, o Aníbal vai, qual Saddam Houssein reforçar o seu poder e tornar-se ainda mais irascível e controlador.
A minha mãe está lixada da vida, pois percebeu qual a intenção da Produção. Ela acha que sai o Bruno, pelo que ouviu lá os fazedores de opinião residentes dizer. Eu passado um certo ponto já não tenho pachorra para continuar a ver idiotices.
É aqui que eu deixo de ver o SS 4 (até a abreviação faz lembrar o período negro entre 1939 e 1945! Sabes a que me refiro, ó grande homem da cultura Aníbal Borges?), porque já me basta existir a Coreia. Ai Fausto, ensina a este povo no que dá assinar contratos com o diabo!
Obrigado TVI pelo case study.

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