sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Info Sociocultural I

Bom, isto é a inauguração de uma nova rubrica aqui do blogue. Como é hábito aqui colocar informações sobre eventos culturais, sendo que alguns desses eventos ou são políticos ou têm conotações políticas, e porque cada vez que o faço tenho a chatice de arranjar um novo título para esses posts, agora passam todos a ter o mesmo nome (Info Sociocultural), mudando o número, que seguirá em numeração romana só porque sim.

Temos uma novidade quentinha cortesia da Embaixada do Japão, relativa a concertos musicais do grupo japonês Shinichi Kinoshita. Deixo-vos então com as informações pertinentes que a embaixada japonesa me enviou:

Para o pessoal que vive no Japão, o Festival do Fogo em Kurana realizar-se-á a 22 de Outubro, segundo a página facebook do Kyoto Journal. Eu gosto muito de ver labaredas a dançarem embaladas pelo vento e as sombras que elas geram, seja num grelhador de churrascos seja numa lareira, por isso caso pudesse lá iria. Eis um vídeo exemplificativo:

O meu amigo Ricardo, também ele contra o Acordo Ortográfico de 1990, postou este link no Facebook com a achega irónica que vêem na imagem acima. Facilmente se vê a hipocrisia de um (des)acordo que insistem em defender mas não sabem aplicar e que só veio apagar mais da nossa identidade cultural e de acabar com qualquer regra ortográfica que existisse em Portugal, pois agora vale tudo!! Assim comprovam as imagens que se seguem.


Passamos agora aos eventos mais politizados. Temos pela frente, este mês e a começar já no próximo sábado, duas acções de protesto. As razões que as, na minha opinião, justificam e fundamentam estão resumidas nas imagens abaixo, onde se procura explicitar que, à semelhança do que aconteceu quando Passos prometeu um novo rumo quando queria tirar o poleiro do Sócrates e ganhas as eleições seguiu a mesmíssima política, acontece agora com as promessas de Portas dum “novo ciclo”, referindo-se já aos dois primeiros anos do governo em que o democrata cristão pertence. As mentiras continuam, mas o argumento mais esmagador é que estes cortes nada mais fazem que afundar a nossa economia (o que dela resta) e deixar-nos mais nas mãos da União Europeia. É que para que os despedimentos no sector público fossem motivadores de mais produtividade, mesmo aos olhos de economistas de direita, seria necessário que o sector privado estivesse apto a investir, expandir-se, de forma a absorvê-los, para evitar pagamentos de subsídios de desemprego, aumentar exportações e receitas fiscais. Tal não acontece em Portugal, e por isso mesmo temos a já cliché “espiral recessiva”. Mais ainda, até o Marcelo Rebelo de Sousa, o advogado residente na TVI do PSD, ache que a Troika fechou os olhos na 7ª e 8ª avaliações, sabendo que nós não vamos cumprir os objectivos mais uma vez, porque já há instabilidade que chegue por essa Europa fora para também perderem o controlo de Portugal.
Ou seja, este orçamento “para Troika ver” não resolve nada, para além de continuar a ser predador para com os mais fracos.
A EDP prometeu logo atirar com a sua sobretaxa para as costas dos consumidores, a GALP vai para tribunal. Há ainda a inconstitucionalidade das medidas, que o Tribunal Constitucional terá de avaliar e provavelmente vetar, o que abrirá caminho ao Passos das Portas para arranjar o tal “capital político” para poder fazer o que ele já quer desde quando estava na oposição e herdou o lugar já tão conspurcado de Sá Carneiro: uma revisão constitucional segundo a perspectiva liberal imposta pela Alemanha e necessária à sobrevivência dessa armadilha chamada Euro.
A 26 de Outubro, vai-se realizar uma manifestação do Movimento “Que se lixe a Troika”, projectada a nível nacional. Permita a minha vida e a ela me juntarei em Lisboa. Não tanto pelo carácter revolucionário (??) da coisa, mas antes por duas outras razões: sou solidário com movimentos que sejam contra mais perda de soberania (exceptuando movimentos nacionalistas, há que saber distinguir as coisas) e gosto de ver e sentir por mim mesmo. Já dizia Christopher Hitchens que fora para jornalista para não ter de saber as notícias através dos jornalistas. Este era o homem que lia o New York Times apenas para saber o que a maioria pensava que estava a acontecer. Smart, to say the least!
Já no próximo fim-de-semana, vai haver a manifestação da CGTP.
Sobre esta vou alargar-me um pouco, pelo grande alarido que sobre ela se tem feito. Decidiram fazer a manifestação sobre a Ponte 25 de Abril, e os Laranginhas tremeram perante os sindicalizados dos Vermelhos, pois aparentemente foi na sequência duma acção semelhante que o governo de que era Primeiro-Ministro o actual Presidente da República caiu. Levantou-se então a polémica, em que alguém decidiu lançar um parecer contra a realização da manifestação naquele local devido ao potencial risco para os manifestantes. A CGTP contra-atacou que lá se fazem maratonas. Almoços de feijoada e piqueniques, mas insistem os alarmistas da segurança que “uma manifestação é diferente, porque as pessoas vão com outro espírito e porque, embora a CGTP seja mui conscienciosa e bem organizada”, reconhecem todos, “poderão haver infiltrados que promovam distúrbios e as autoridades não terão como controlar o pânico e evitar feridos e afins” – parafraseio o argumento tal como o ouvi em vários programas. A CGTP foi falar com o Ministro Miguel Macedo (cujo olhar e maneirismos me dão calafrios, então aquele bitaite sobre formigas e cigarras... ui!!), e procuram um compromisso. Deixar faixas de rodagem abertas para a circulação de veículos de emergência ou das autoridades. O Ministro no entanto e ainda assim, vetou a manifestação. A CGTP não se ficou e, seguindo à letra os argumentos (estúpidos) que diziam que aquela ponte não era para peões mas sim para veículos motorizados, organizou uma frota de, até há hora do jornal da noite de hoje, trezentos (300) e muitos autocarros e vai carregar sobre a ponte, vinda das duas margens do Tejo, para fazer um brutal buzinão sobre a Ponte de Salazar... uops, 25 de Abril. Aliás, os camaradas, a quem eu por isso saúdo, adoram pisar os monumentos deixados pelo Velho da Outra Senhora, como o fazem muitas vezes na Fonte Luminosa por ele inaugurada. E já que falamos do tempos idos, sou o único que se lembra do Marquês de Pombal e da célebre carroça de terra das suas propriedades? É o que me faz lembrar este episódio!
No meio disto tudo, e pelas imagens acima já poderão ter reparado, o Movimento dos Indignados convergiu “sobre” a Ponte 25 de Abril. Então quando a CGTP decidiu não ir contra a autoridade vigente/reinante (mesmo que a lei em questão seja debatível – o direito à manifestação contra o direito à segurança [sendo que hoje em dia há bombas em maratonas e que o direito à segurança não impede que o cidadão coloque a sua vida em risco, ou então sempre que alguém faz um desporto radical lá teria de estar um agente da autoridade para o impedir!!]), optando por uma airosa e inteligente (especialmente barulhenta e “blindada”) solução, os Indignados indignaram-se descarregando a sua (in)justa indignação sobre o camarada Arménio Carlos, rosto actual da CGTP. Ora vide imagem abaixo:
Os comentários nesta imagem tinham várias posições, algumas a favor da CGTP, algumas muito belicosas mas oriundas de sofá. Aquele tipo de cidadão que durante o Estado Novo desejava a Revolução, mas que esperava que os Comunas ou outros a fizessem, acabando num aplauso orgásmico ao MFA, para depois acabar a amaldiçoar o PREC e a votar PS(D) – CDS. Falavam de ir buscar cocktails Molotov e declaravam “estes sindicatos já não representam ninguém”. Entre todos os comentários, ninguém se manifestava contra a decisão da Inter-Sindical ao mesmo tempo que se identificava como seu sindicalizado. Ou seja, comentários como o dos cocktails de Molotov e as pedradas nos escudos do Corpo de Intervenção após a última manif da CGTP levado a cabo pelos tais “infiltrados” encapuçados, são as atitudes e opiniões que dão força aos pseudo argumentos que foram usados para reprimir a marcha sobre a ponte e os que dizem que os sindicatos já não representam ninguém NÃO ESTÃO NELES SINDICALIZADOS! A indignação não pensada ou instrumentalizada não tem força nenhuma e cai no ridículo de pensar que uma central sindical tem de fazer manifestações fora-da-lei para agradar a pessoas que nela não estão inscritas e como tal é normal que não seja essas que a instituição procure representar.
Os Indignados falharam ainda em perceber que durante uma semana se falou de CGTP na televisão. Que pessoas da Direita tiveram de repetidamente dizer que a CGTP tem uma organização fabulosa (mas ai os infiltrados!!) e um papel importantíssimo na coesão social. Pedro Mexia, que eu presumo ser um apartidário de Direita, explicitamente disse no Governo Sombra que a CGTP podia meter 50 000 pessoas na Ponte, "pode dar-se a esse luxo" disse ele, quando qualquer outra organização em Portugal sozinha não consegue, para contrapôr o ponto do seu colega à direita no mesmo programa que perguntava "E quem se segue? O movimento Pró Vida, a UGT, sempre que alguém se lembre de fazer uma manif vai para a Ponte, etc...?" (parafraseio). O governo foi obrigado a mostrar a “careca repressora”, alegando pseudo motivos para proibir uma manifestação legal segundo a Constituição actual, num acto bem Salazarista. E mesmo assim a CGTP vai fazer o seu protesto sobre a Ponte 25 de Abril, só que de forma mais poluente. Obrigado, senhores do Governo, por não se importarem de mostrar a vossa incrível burrice e ineficácia política! É que o Partido Comunista Português está habituadíssimo a resistir sobre repressão de regimes totalitários. Talvez a cassete ainda tenha uns truques na fita e este apartidário está a ficar cada vez mais vermelho de raiva para com o Statu Quo e o Partido do Estado. (imagem abaixo por Fabrício Duque)
É pena que os Indignados [que muitas vezes incluem os Anonymous (movimento que eu admiro), muitos daqueles a que o Jerónimo de Sousa chama “amigos do PCP” e marxistas apartidários como eu (julgando pela sua página de facebook dos Indignados), já agora recordo que comunistas/socialistas/sociais-democratas são todos marxistas de base (mas não quando são pseudo como os actuais mestres do PSD = Pseudo Sociais Democratas ou PS = Pseudo Socialistas)] sejam, como a maioria dos Portugueses, facilmente divididos, o velho mas eficaz "dividir para reinar", caindo no jogo do próprio Centrão. Sim, estou a (ab)usar (d)uma terminologia do PCP.
Para muita pena minha não estou em Lisboa, nem vou estar a tempo de rumar à Ponte no Sábado, mas parece que o PCP apelou aos Motards e que o Sindicato dos Estivadores vai fechar o Porto de Lisboa. (clicar aqui) Oh meus/nossos Indignados, sem haver formalmente uma ditadura, que mais querem vocês de um protesto à séria e sem deixar que a razão escape por entre dedos cheios de calhaus desmiolados?
Recordo ainda, e para terminar, que na Islândia, onde 90% do povo (largamente ateu, realço) veio para a rua e expulsou o governo corrupto ou incapaz que os conduziu à falência, expulsou banqueiros do país, colocou um governo de esquerda (lá os Sociais Democratas são a Esquerda) no poder, mandou mercados internacionais à merda, e mesmo assim teve a ajuda e uns parabéns do FMI, recuperando o desemprego para os 5% e levando a julgamento muitos dos corruptos responsáveis, negando-se por Referendo Nacional a salvar bancos, o povo tem cerca de 60% dos seus trabalhadores sindicalizados. Em Portugal, com 20% de desemprego, temos cerca de 30% de trabalhadores sindicalizados e 80% de assumidas ovelhas cristãs, duma seita ou de outra, a ruminar Relvas do PS(D)-CDS. Pensem nisso!
Sayonara, tomodachi! ;)
P.P.S.: Fiz uma crítica ao filme Pacific Rim no outro blogue em que participo, por isso se curtem Manga e Anime possivelmente curtirão esse filme. Vejam a crítica se vos aprouver:

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