Bom, isto é a inauguração de uma
nova rubrica aqui do blogue. Como é hábito aqui colocar informações sobre
eventos culturais, sendo que alguns desses eventos ou são políticos ou têm
conotações políticas, e porque cada vez que o faço tenho a chatice de arranjar
um novo título para esses posts, agora passam todos a ter o mesmo nome (Info
Sociocultural), mudando o número, que seguirá em numeração romana só porque
sim.
Temos uma novidade quentinha
cortesia da Embaixada do Japão, relativa a concertos musicais do grupo japonês
Shinichi Kinoshita. Deixo-vos então com as informações pertinentes que a
embaixada japonesa me enviou:
Para o pessoal que vive no Japão, o Festival do
Fogo em Kurana realizar-se-á a 22 de Outubro, segundo a página facebook do
Kyoto Journal. Eu gosto muito de ver labaredas a dançarem embaladas pelo vento
e as sombras que elas geram, seja num grelhador de churrascos seja numa
lareira, por isso caso pudesse lá iria. Eis um vídeo exemplificativo:
O meu amigo Ricardo, também ele contra o Acordo
Ortográfico de 1990, postou este link no Facebook com a achega irónica que vêem
na imagem acima. Facilmente se vê a hipocrisia de um (des)acordo que insistem
em defender mas não sabem aplicar e que só veio apagar mais da nossa identidade
cultural e de acabar com qualquer regra ortográfica que existisse em Portugal,
pois agora vale tudo!! Assim comprovam as imagens que se seguem.
Passamos agora aos eventos mais politizados.
Temos pela frente, este mês e a começar já no próximo sábado, duas acções de
protesto. As razões que as, na minha opinião, justificam e fundamentam estão
resumidas nas imagens abaixo, onde se procura explicitar que, à semelhança do
que aconteceu quando Passos prometeu um novo rumo quando queria tirar o poleiro
do Sócrates e ganhas as eleições seguiu a mesmíssima política, acontece agora
com as promessas de Portas dum “novo ciclo”, referindo-se já aos dois primeiros
anos do governo em que o democrata cristão pertence. As mentiras continuam, mas
o argumento mais esmagador é que estes cortes nada mais fazem que afundar a
nossa economia (o que dela resta) e deixar-nos mais nas mãos da União Europeia.
É que para que os despedimentos no sector público fossem motivadores de mais
produtividade, mesmo aos olhos de economistas de direita, seria necessário que
o sector privado estivesse apto a investir, expandir-se, de forma a
absorvê-los, para evitar pagamentos de subsídios de desemprego, aumentar exportações
e receitas fiscais. Tal não acontece em Portugal, e por isso mesmo temos a já
cliché “espiral recessiva”. Mais ainda, até o Marcelo Rebelo de Sousa, o
advogado residente na TVI do PSD, ache que a Troika fechou os olhos na 7ª e 8ª
avaliações, sabendo que nós não vamos cumprir os objectivos mais uma vez,
porque já há instabilidade que chegue por essa Europa fora para também perderem
o controlo de Portugal.
Ou seja, este orçamento “para Troika ver” não resolve nada, para além de continuar a ser predador para com os mais fracos.
Ou seja, este orçamento “para Troika ver” não resolve nada, para além de continuar a ser predador para com os mais fracos.
A EDP prometeu logo atirar com a sua sobretaxa para
as costas dos consumidores, a GALP vai para tribunal. Há ainda a
inconstitucionalidade das medidas, que o Tribunal Constitucional terá de
avaliar e provavelmente vetar, o que abrirá caminho ao Passos das Portas para
arranjar o tal “capital político” para poder fazer o que ele já quer desde
quando estava na oposição e herdou o lugar já tão conspurcado de Sá Carneiro:
uma revisão constitucional segundo a perspectiva liberal imposta pela Alemanha
e necessária à sobrevivência dessa armadilha chamada Euro.
A 26 de Outubro, vai-se realizar
uma manifestação do Movimento “Que se lixe a Troika”, projectada a nível
nacional. Permita a minha vida e a ela me juntarei em Lisboa. Não tanto pelo
carácter revolucionário (??) da coisa, mas antes por duas outras razões: sou
solidário com movimentos que sejam contra mais perda de soberania (exceptuando
movimentos nacionalistas, há que saber distinguir as coisas) e gosto de ver e sentir por
mim mesmo. Já dizia Christopher Hitchens que fora para jornalista para não ter
de saber as notícias através dos jornalistas. Este era o homem que lia o New
York Times apenas para saber o que a maioria pensava que estava a acontecer.
Smart, to say the least!
Já no próximo fim-de-semana, vai
haver a manifestação da CGTP.
Sobre esta vou alargar-me um
pouco, pelo grande alarido que sobre ela se tem feito. Decidiram fazer a
manifestação sobre a Ponte 25 de Abril, e os Laranginhas tremeram perante os
sindicalizados dos Vermelhos, pois aparentemente foi na sequência duma acção
semelhante que o governo de que era Primeiro-Ministro o actual Presidente da
República caiu. Levantou-se então a polémica, em que alguém decidiu lançar um
parecer contra a realização da manifestação naquele local devido ao potencial
risco para os manifestantes. A CGTP contra-atacou que lá se fazem maratonas.
Almoços de feijoada e piqueniques, mas insistem os alarmistas da segurança que
“uma manifestação é diferente, porque as pessoas vão com outro espírito e
porque, embora a CGTP seja mui conscienciosa e bem organizada”, reconhecem
todos, “poderão haver infiltrados que promovam distúrbios e as autoridades não
terão como controlar o pânico e evitar feridos e afins” – parafraseio o
argumento tal como o ouvi em vários programas. A CGTP foi falar com o Ministro
Miguel Macedo (cujo olhar e maneirismos me dão calafrios, então aquele bitaite
sobre formigas e cigarras... ui!!), e procuram um compromisso. Deixar faixas de
rodagem abertas para a circulação de veículos de emergência ou das autoridades.
O Ministro no entanto e ainda assim, vetou a manifestação. A CGTP não se ficou
e, seguindo à letra os argumentos (estúpidos) que diziam que aquela ponte não
era para peões mas sim para veículos motorizados, organizou uma frota de, até
há hora do jornal da noite de hoje, trezentos (300) e muitos autocarros e vai
carregar sobre a ponte, vinda das duas margens do Tejo, para fazer um brutal
buzinão sobre a Ponte de Salazar... uops, 25 de Abril. Aliás, os camaradas, a
quem eu por isso saúdo, adoram pisar os monumentos deixados pelo Velho da Outra
Senhora, como o fazem muitas vezes na Fonte Luminosa por ele inaugurada. E já
que falamos do tempos idos, sou o único que se lembra do Marquês de Pombal e da
célebre carroça de terra das suas propriedades? É o que me faz lembrar este
episódio!
No meio disto tudo, e pelas
imagens acima já poderão ter reparado, o Movimento dos Indignados convergiu
“sobre” a Ponte 25 de Abril. Então quando a CGTP decidiu não ir contra a
autoridade vigente/reinante (mesmo que a lei em questão seja debatível – o
direito à manifestação contra o direito à segurança [sendo que hoje em dia há
bombas em maratonas e que o direito à segurança não impede que o cidadão coloque
a sua vida em risco, ou então sempre que alguém faz um desporto radical lá
teria de estar um agente da autoridade para o impedir!!]), optando por uma
airosa e inteligente (especialmente barulhenta e “blindada”) solução, os
Indignados indignaram-se descarregando a sua (in)justa indignação sobre o
camarada Arménio Carlos, rosto actual da CGTP. Ora vide imagem abaixo:
Os comentários nesta imagem
tinham várias posições, algumas a favor da CGTP, algumas muito belicosas mas
oriundas de sofá. Aquele tipo de cidadão que durante o Estado Novo desejava a
Revolução, mas que esperava que os Comunas ou outros a fizessem, acabando num
aplauso orgásmico ao MFA, para depois acabar a amaldiçoar o PREC e a votar
PS(D) – CDS. Falavam de ir buscar cocktails Molotov e declaravam “estes
sindicatos já não representam ninguém”. Entre todos os comentários, ninguém se
manifestava contra a decisão da Inter-Sindical ao mesmo tempo que se
identificava como seu sindicalizado. Ou seja, comentários como o dos cocktails
de Molotov e as pedradas nos escudos do Corpo de Intervenção após a última
manif da CGTP levado a cabo pelos tais “infiltrados” encapuçados, são as
atitudes e opiniões que dão força aos pseudo argumentos que foram usados para
reprimir a marcha sobre a ponte e os que dizem que os sindicatos já não
representam ninguém NÃO ESTÃO NELES SINDICALIZADOS! A indignação não pensada ou
instrumentalizada não tem força nenhuma e cai no ridículo de pensar que uma
central sindical tem de fazer manifestações fora-da-lei para agradar a pessoas
que nela não estão inscritas e como tal é normal que não seja essas que a
instituição procure representar.
Os Indignados falharam ainda em perceber que durante uma semana se falou
de CGTP na televisão. Que pessoas da Direita tiveram de repetidamente dizer que
a CGTP tem uma organização fabulosa (mas ai os infiltrados!!) e um papel
importantíssimo na coesão social. Pedro Mexia, que eu presumo ser um apartidário de Direita, explicitamente disse no Governo Sombra que a CGTP podia meter 50 000 pessoas na Ponte, "pode dar-se a esse luxo" disse ele, quando qualquer outra organização em Portugal sozinha não consegue, para contrapôr o ponto do seu colega à direita no mesmo programa que perguntava "E quem se segue? O movimento Pró Vida, a UGT, sempre que alguém se lembre de fazer uma manif vai para a Ponte, etc...?" (parafraseio). O governo foi obrigado a mostrar a “careca
repressora”, alegando pseudo motivos para proibir uma manifestação legal
segundo a Constituição actual, num acto bem Salazarista. E mesmo assim a CGTP
vai fazer o seu protesto sobre a Ponte 25 de Abril, só que de forma mais
poluente. Obrigado, senhores do Governo, por não se importarem de mostrar a
vossa incrível burrice e ineficácia política! É que o Partido Comunista Português está habituadíssimo a resistir sobre repressão de regimes totalitários. Talvez a cassete ainda tenha uns
truques na fita e este apartidário está a ficar cada vez mais vermelho de raiva
para com o Statu Quo e o Partido do Estado. (imagem abaixo por Fabrício Duque)
É pena que os Indignados [que
muitas vezes incluem os Anonymous (movimento que eu admiro), muitos daqueles a
que o Jerónimo de Sousa chama “amigos do PCP” e marxistas apartidários como eu
(julgando pela sua página de facebook dos Indignados), já agora recordo que
comunistas/socialistas/sociais-democratas são todos marxistas de base (mas não
quando são pseudo como os actuais mestres do PSD = Pseudo Sociais Democratas ou
PS = Pseudo Socialistas)] sejam, como a maioria dos Portugueses, facilmente
divididos, o velho mas eficaz "dividir para reinar", caindo no jogo do próprio Centrão. Sim, estou a (ab)usar (d)uma terminologia do
PCP.
Para muita pena minha não estou em Lisboa, nem vou estar a tempo de rumar à Ponte no Sábado, mas parece que o PCP apelou aos Motards e que o Sindicato dos Estivadores vai fechar o Porto de Lisboa. (clicar aqui) Oh meus/nossos Indignados, sem haver formalmente uma ditadura, que mais querem vocês de um protesto à séria e sem deixar que a razão escape por entre dedos cheios de calhaus desmiolados?
Para muita pena minha não estou em Lisboa, nem vou estar a tempo de rumar à Ponte no Sábado, mas parece que o PCP apelou aos Motards e que o Sindicato dos Estivadores vai fechar o Porto de Lisboa. (clicar aqui) Oh meus/nossos Indignados, sem haver formalmente uma ditadura, que mais querem vocês de um protesto à séria e sem deixar que a razão escape por entre dedos cheios de calhaus desmiolados?
Recordo ainda, e para terminar,
que na Islândia, onde 90% do povo (largamente ateu, realço) veio para a rua e
expulsou o governo corrupto ou incapaz que os conduziu à falência, expulsou
banqueiros do país, colocou um governo de esquerda (lá os Sociais Democratas
são a Esquerda) no poder, mandou mercados internacionais à merda, e mesmo assim
teve a ajuda e uns parabéns do FMI, recuperando o desemprego para os 5% e levando
a julgamento muitos dos corruptos responsáveis, negando-se por Referendo
Nacional a salvar bancos, o povo tem cerca de 60% dos seus trabalhadores
sindicalizados. Em Portugal, com 20% de desemprego, temos cerca de 30% de
trabalhadores sindicalizados e 80% de assumidas ovelhas cristãs, duma seita ou
de outra, a ruminar Relvas do PS(D)-CDS. Pensem nisso!
Sayonara, tomodachi! ;)
P.P.S.: Fiz uma crítica ao filme
Pacific Rim no outro blogue em que participo, por isso se curtem Manga e Anime
possivelmente curtirão esse filme. Vejam a crítica se vos aprouver:
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