Este é o post 60 do N.I.N.J.A.
Samurai. É uma entrada que desejo dedicar a alguém muito importante na minha
vida, o meu pai. É que foi neste terrível ano de 2012, temido pelos
supersticiosos como o ano do fim do mundo, que tanto este blog viu o seu sexagésimo
post surgir como o meu pai viu o seu sexagésimo aniversário.
Antes de mais, eis as variadas
maneiras de dizer “pai” em Japonês:
Meu pai - Chichi ( pronúncia -
Titi ) 父
Pai (dos outros) - Otousan (
Pronúncia - Otôssan, e menos formal, se pronuncia sem o "o", ficando
Tôssan -Tousan ) お父さん ( Na escrita, o menos formal é só tirar o "お"
)
O meu Pai, entre outras coisas,
foi das pessoas que mais estimulou o meu gosto pela escrita, sem nunca me
obrigar a nada. Quando eu era pequeno e antes de saber ler, o meu pai lia-me
bandas desenhadas da Disney, do Lucky Luke, do Astérix, do Michel Vailant, etc…
Quando aprendi a ler, passámos para as BD de sci fi, Marvel e DC, essencialmente.
Sim, mesmo depois de eu saber ler, eu forçava o meu pai a ler-me as BD’s,
porque a verdade é que ele acrescentava um ponto seu ao conto e tornava tudo
mais interessante e divertido. Além disso, era tempo que passava com ele. Entre a Primária e o 10º ano, fora das obrigatoriedades estudantis, só lia BD's. Os meus pais lá me sugeriam outros livros, que eu na altura tinha como mais massudos, mas nunca me obrigaram a pegar neles. A certa altura, contudo, quando andávamos em arrumações lá por casa, descobri um livro que li numa tarde. Um livro de bolso do meu pai, de ficção científica, chamado Deuses Siderais. Ele cruzava a Atlântida, com deuses que eram de facto apenas humanóides vindos doutros planetas e cuja tecnologia perante os homens da Idade da Pedra parecia magia. It blew my mind! Anos mais tarde, andava eu no 11º, quando já
tinha começado a atacar a colecção de Sci Fi (sem imagens ahahah) do meu pai.
As colecções Argonauta e as publicações Europa-América, com autores como Isaac
Asimov, Ray Bradbury, Robert Block, A. E. Van Vogt, entre outros, fizeram-me as
delícias e abriram-me os horizontes como só a ficção científica pode fazer.
Depois, via Tolkien, migrei para a Alta Fantasia, depois para os policiais e
também para os romances históricos (como os de Humberto Eco). Hoje ando a ler
Eça de Queirós e José Saramago, sendo que vou lendo também as aventuras de
Tomás Noronha, por José Rodrigues dos Santos. Sou também grande fã de George
R.R. Martin e da sua Canção de Fogo e Gelo, mas também das Crónicas de Alarya
de Filipe Faria. E sim, ainda leio BD’s, quando tenho dinheiro para as comprar,
pois hoje em dia já não se encontram em quiosques como no “tempo das vacas
gordas” em que eu cresci, em absoluta felicidade.
Por todos os passeios à beira mar
a filosofar interminavelmente, por todas as histórias lidas, por seres o meu
primeiro mestre de artes marciais, por todas as aulas de astronomia em noites
lusitanas, fico eternamente em tua dívida, meu pai. Que juntos festejemos saudáveis e felizes, pelo menos, mais 60 aniversários teus!
O meu pai gostava de ter sido
arquitecto, mas foi sonho que ainda está por realizar. Pode ser que um dia eu
lho possa proporcionar, como ele me proporciona a mim (juntamente com a minha
mãe e o meu avô, claro) a minha contínua educação. Até lá, deixo estas imagens a acompanhar
as minhas palavras nostálgicas e profundamente sentidas.
Legenda das Fotos: Esta é a Casa
de Dupla Hélice, em Tóquio. Criada pelos estúdios de arquitectos Maki Onishi e Yuki Hyakuda . É uma casa citadina de multi-níveis, situada na zona residencial
de Tóquio. Como a área onde foi erguida é cercada por outras habitações, o projecto foi limitado pelo espaço disponível, consideração que levou a construir-se em
altura. Com escadas em redor do exterior e do interior, a casa torna-se numa
hélice dupla, ascendendo em torno do perímetro. O núcleo é composto por um cubo
branco abstracto que hospeda os espaços privados, enquanto divisões em torno do
exterior suportam as áreas comuns.
Para evidenciar o traço do
edifício, um painel de madeira escuro envolve a fachada. As formas simples e
contrastes entre os materiais continuam no interior, onde a construção em betão
é deixada exposta.
Fonte: http://www.designboom.com/weblog/cat/9/view/19372/onishimaki-hyakudayuki-architects-double-helix-house-tokyo.html
NOTA: As fotos são de Kai Nakamura.
Não sei se repararam, mas esta casa singular não foi
escolhida ao acaso para este post. Afinal, que vos lembra uma Hélice Dupla (em Japonês, segundo o tradutor do google, Ni Jū Rasen == 二重らせん)??
Uma cadeia de ADN, talvez? E de onde vêm o ADN dos animais? Dos seus pais.
Agora isto sim, é Desenho Inteligente! Ahaha Não resisti! ;P
Já agora, o título é apenas uma amálgama de palavras em Japonês que não fazem necessariamente sentido literário. Traduzindo à letra e por ordem (da esquerda para a direita): 60 Pai Dupla Hélice! Digam lá que não é um título pomposo quando dito em Japonês!? :D
Quanto à escultura, encontrei a imagem no google e não sei quem a fez ou fotografou, mas infelizmente não fui eu!
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