sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Voto CDU (PCP-PEV-ID), mas porquê?

Esta é a primeira campanha em que revelo o meu voto a quem queira saber, quando normalmente só o revelo aos mais próximos amigos. Senti-me compelido a fazê-lo, porque os Media não estão a informar as pessoas, nem a ser isentos sobre o que informam. 
O texto abaixo é da minha autoria e enviei-o na quarta-feira (porventura tarde demais) ao Público para ver se mo publicavam, se por nada mais por contrastar com as posições lá colocadas durante a semana pelos seus muitos colunistas. Não fui publicado até hoje, não sei se por escolha editorial ou por ser tardia a hora, mas só refiro o envio para o Público para explicar porque só agora publiquei aqui. Aguardei uma resposta que não veio.
Caso o Público me tivesse publicado, provavelmente o texto seria acompanhado do meu nome e foto. O objectivo é dar a cara. Chamo-me Alexandre Fanha e deixo-vos o link para o meu facebook:



«Eu venho por este meio dirigir-me aos que, nesta fase, realmente importam: os indecisos, os indignados, os anonymous portugueses, os possíveis abstencionistas que quero convencer a votar. Não me importa se são de Esquerda, Direita, ou Centro, ou sem ideologia. Se estão na dúvida e ainda não estão cristalizados no vosso pensamento, isto é para vocês. 
Não sou nem nunca fui militante de nenhum partido, gosto que os partidos se esforcem para me convencer. Mas afirmo sem problemas que me considero um apartidário de Esquerda, que sou ateu, que não ligo a sondagens e que leio jornais nacionais e estrangeiros.
O que quero partilhar convosco não é meramente a minha intenção de voto (explicitada no título deste artigo de opinião), mas antes como cheguei a essa intenção de voto, qual o raciocínio por detrás dela.
Este divide-se em duas partes:

1) Por Exclusão de Partes
2) Avaliação do Projecto Político da CDU

1) Por Exclusão de Partes
Dos partidos sem assento parlamentar, só houve um que captou a minha atenção e foi o LIVRE, mas depois de alguns contactos directos, de ter acompanhado informaticamente as suas primárias e de ver a sua proposta de programa político, achei esse partido uma versão diluída do Bloco de Esquerda, mas com ainda menos possibilidade de conseguir um forte resultado eleitoral. O Marinho e Pinto diz-se e contradiz-se a si mesmo, o seu partido é ele mesmo, é um tipo que só quer tacho enquanto afirma isso de todos os outros, e tem como lema no site do seu partido “Acredita no que me ouviste dizer, mas nunca acredites no que outros dizem que eu disse”. Dá jeito a qualquer político mentiroso. O PURP e o PAN são partidos demasiado específicos e que colocam à frente dos interesses gerais da nação, interesses de pequenos grupos ou causas, respectivamente, os reformados e os animais. O Agir etc etc perdeu-me com a proposta, que veiculou em tempo de antena, de criar um mecanismo que mandasse abaixo qualquer governo que não cumprisse o que prometera nas eleições. Precisaria de conseguir, para implementar um tal mecanismo, uma maioria qualificada (maior que a absoluta) para poder alterar a Constituição, começando dessa forma e logo de início a prometer o que nunca poderá cumprir e entrando em contradição consigo mesmo. Para o PNR nem olhei porque a única coisa que tenho em comum com esse partido é ser contra o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), mas quase de certeza por razões diferentes. De igual forma, não ligo aos Monárquicos pois sou republicano, ao mesmo tempo que têm o mesmo problema prático do Agir, visto que a actual constituição não permite um outro regime que não o republicano. O MPT granjeia-me alguma simpatia por ser contra o AO90, mas perde-me por se ter deixado ludibriar pelo auto-contraditório Marinho e Pinto nas Europeias.
O PS é um partido politicamente falido, como se pode ver no que resta da Internacional Socialista. Os socialistas europeus condenaram-se à extinção quando aceitaram trabalhar dentro das normas do Tratado Orçamental que, como realçou Marcelo Rebelo de Sousa no passado domingo citando um artigo norte-americano, foi criado segundo pressupostos de Centro Direita, manietando assim quaisquer respostas económicas de centro-esquerda na Europa e viciando a democracia ao Centro, obrigando-o a uma não-escolha entre políticas de Direita e políticas de Direita. O PS é um partido cujo actual programa eleitoral assenta num estudo económico que usa como premissas previsões macro económicas da União Europeia (UE) que não poderiam contar com a presente crise da Wolkswagen e que não contam com a implosão da economia chinesa que muitos economistas já vêem no horizonte. Esse programa do PS contempla também um cenário em que o Euro implode, mas escolhe ignorar esse cenário, pura e simplesmente, ao invés de preparar um plano B para essa eventualidade, deixando-se (e ao País se for eleito) exposto a um putativo mas plausível problema. O PS foi recentemente noticiado como estando altamente endividado e com dificuldades em financiar-se, logo vive na dependência dos grupos económicos. É um partido dividido internamente e que um seu militante, Henrique Neto, descreveu em 2012 como tendo uma série de grupos internos que agem como lojas maçónicas, lutando entre si pelo poder interno. António Costa é um auto proclamado ateu e presidente da Câmara de Lisboa que, quando a cidade sofre uma inundação derivado a chuvas, diz que a única solução possível está com São Pedro, quando quer Nova Iorque, quer Tóquio têm conhecidos mecanismos de protecção civil para impedir estas ocorrências. Vale mais desperdiçar milhares com a Fundação Mário Soares ou a processar barbearias que não permitem entrada a mulheres (como imensos ginásios não permitem a homens). Quer queira quer não, o PS é um dos co-autores do Estado a que isto chegou, pois foi alternando a formação de Governo com o PSD, com quem tem entendimentos a nível do Plano de Privatizações e da relação com a União Europeia. É igualmente co-responsável pelas PPP’s e os SWAP’s que geraram um conjunto de empresas que vivem em “Capitalismo sem Riscos” (cito Medina Carreira), em que o Estado aceita cobrir os seus prejuízos. Esta conjunção de factores faz com que perca o meu voto, pois não acho este partido, nem o seu actual projecto, nem o seu historial governativo, ou actual líder inspiradores de confiança.
O PaF, é preciso realçar, que é a coligação actual do Governo, PSD-CDS. A mesma cujo o governo não conseguiu, nem indo para além da Troika, nem quebrando as promessas eleitorais de 2011, nem atravessando as linhas vermelhas auto-proclamadas, nem após imensos orçamentos rectificativos muitos dos quais factualmente em desrespeito à actual e vigente Constituição da República Portuguesa, atingir uma única das metas do Memorando da Troika, apesar de, por serem o bom (leia-se lambe-botas) aluno do Schauble, a Troika lhes dar sempre nota positiva. A dívida nacional aumentou; o défice, que é sempre um valor contabilístico, não está controlado e tem sido camuflado com receitas extraordinárias, como a da venda dos CTT (uma das poucas empresas do Estado que dava lucro); a balança comercial continua negativa, apesar do esforço de reorganização para exportações do tecido empresarial português; não só não resolveram o problema que herdaram do BPN, como fizeram uma outra nacionalização ruínosa de prejuízos bancários no BES, ainda que “transvestida” de Banco Novo. Historicamente, estas forças são co-responsáveis de PPP’s, e SWAP’s, tendo criado novas PPP’s, embora também “transvestidas” de concessões, como no Metro de Lisboa, propagando o tal “Capitalismo sem Riscos” pago pelos impostos dos Portugueses. Resumindo, o governo PaF falhou, criando um empobrecimento e retrocesso civilizacional em Portugal, com níveis do PIB a regressarem a 2001, mais emigração que na altura da Guerra Colonial, salários baixos, caça às bruxas no sector público, e uma taxa de Desemprego que milagrosamente desce sem que suba a taxa de Emprego. E já agora, a tal Saída “Limpa” (leia-se ausência de um plano cautelar) só aconteceu, não por mérito ou vontade do governo, mas porque não se conseguiu reunir um consenso nos países da União para que se fizessem planos cautelares. Não só não resolveram problemas, como os adensaram. À sua cabeça têm, em grande (Tecno)forma, um homem conhecido por não pagar a Segurança Social enquanto instiga outros a pagarem os impostos e não serem piegas. Pedro Passos Coelho é o homem que mente, “por lapso”, sobre pagamentos da dívida em plena campanha eleitoral, tendo um historial recente de não cumprir as suas promessas eleitorais, mas antes fazer o contrário do que prometera. Mas qual Hidra, o PaF tem (pelo menos) duas cabeças, sendo a outra mais hábil em saber quando deve emergir e submergir, qual submarino, nos debates respondendo apenas às perguntas que lhe dá jeito (mas nem a essas com toda a verdade), enquanto alonga as respostas para não deixar os outros falarem e para queimar tempo e não ter de responder às perguntas. Paulo Portas, se nada mais, é o homem de enorme responsabilidade (denote-se aqui um desdenhoso sarcasmo) que, por birra, irrevogavelmente queimou a Portugal 4 mil milhões de euros para que lhe dessem um título mais pomposo! É também o homem que afirma abertamente que não se sente obrigado a governar segundo a Constituição vigente, porque esta fala de Socialismo no prólogo!! É ainda o homem que afirma que o estado não sabe gerir (como se Zeinal Bava ou Ricardo Salgado não fossem gestores do sector Privado e mesmo assim responsáveis por afundarem duas das maiores empresas portuguesas), mas que participa num governo que nacionalizou a REN e o que restava da EDP para o Estado (Comunista) Chinês!! Ou seja, Paulo Portas admite que os Comunistas são melhores gestores da coisa pública que ele! O programa conjunto desta força política é tão vago, tão desonesto, e tão vazio de conteúdo como o projecto de reforma do Estado que o actual vice-primeiro ministro esboçou outrora. Por todas estas razões, e por não ser masoquista nem idiota, não voto no PaF.
Distinguir o Bloco de Esquerda da CDU, não sendo militante de nenhum, pode ser complicado, mas não tão complicado como distinguir o PS do PSD-CDS. Muito simplesmente, o Bloco é a favor do Acordo Ortográfico de 1990, eu sou contra e o PCP é o único partido a ter colocado a votos uma iniciativa de desvinculação do Estado Português a esse malfadado (des)acordo. O BE achou que era importante, para o Feminismo em Portugal na segunda década do século XXI, discutir os malefícios do Piropo, indiciando uma estranha (no BE) tendência proibicionista no sentido do discurso politicamente correcto e em detrimento da Liberdade de Expressão, mas não vi o BE fazer manifestações tão veementes pela igualdade salarial e pelos direitos de maternidade das mulheres trabalhadoras. Mas mais que tudo isso, falta implementação e estrutura ao Bloco: não tem força nos sindicatos, não tem implementação autárquica. Por tudo isto, voto na CDU (PCP-PEV) e não no Bloco.

2) Avaliação do Projecto Político da CDU
Mas, felizmente, não é só por falta de escolha que voto CDU, embora fosse razão suficiente. O projecto de política nacional e europeia da CDU, programa conjunto de PCP, PEV e ID, não sendo perfeito (como nada é) nem capaz de representar TOTALMENTE a minha visão pessoal e as minhas ideias (como nenhum partido pode fazer pois representam colectivamente e não individualmente), tem a mais valia de ser o único que percebe o problema duplo, que na verdade é um só, que impede Portugal de se solucionar e ver uma luz ao fundo do túnel: o colete de forças do Euro imposto pelo Tratado Orçamental e uma dívida insustentável e impagável.
O Euro é acima de tudo uma moeda forte demais para a nossa economia, especialmente depois de esta ter perdido a frota pesqueira e mercante, bem como grande parte da sua indústria na altura em que o Cavaco foi primeiro-ministro. É pelo Euro que, não os Portugueses, mas a nossa Economia Nacional tem vivido acima das suas possibilidades. Basta recordarem-se que, assim que adoptámos o Euro, tudo o que custava 100 escudos, passou a custar 1 euro, que equivalia a 200 escudos no câmbio à época. Ou seja, o custo de vida duplicou automaticamente com a adesão ao Euro, mas os salários e pensões não duplicaram. Realço ainda que os partidos que hoje defendem o Euro, já não o fazem apelando aos benefícios deste último, mas amedrontando com a “calamidade” que seria dele sair.
Mas isso à parte, o Euro é um projecto de sucesso historicamente muito improvável. Das várias tentativas que já houve para que um conjunto de estados tivesse uma moeda única, comum a todos, apenas uma funcionou. Chama-se Dólar (norte-americano). Essa funcionou porque tem uma estrutura por debaixo: os estados têm uma Língua em comum, tem uma Constituição em comum, e têm um governo federal em comum. A UE nunca terá uma língua em comum, mas nem sequer se deu ao trabalho de criar o governo federal (nem há essa vontade política entre os estados membros), e muito menos de criar uma constituição colectiva. Para além disso, o Euro está hoje em perigo pela fragilidade dos países que adoptam a Moeda. Não só o perigo de insolvência que assombra, apesar do quadro que o PaF nos pinta, tanto Portugal como a Grécia, como as repercussões da questão Wolkswagen, da guerra económica com a Rússia por causa da Ucrânia, e da futura crise chinesa, trarão para a maior economia da União, a Alemanha. Mas há mais! Os movimentos separatistas existentes na Espanha e na Bélgica (já nem vou ao Reino Unido porque aí reina a Libra), somados ao crescendo de intenção de voto em partidos xenófobos que vai provavelmente continuar com a chegada contínua de mais migrantes, somam-se aos stresses sócio-económicos que criam tensão na manutenção da zona Euro. Com tudo isto em mente, qualquer governante que se preze deve querer criar um plano de contingência para a possibilidade inexplorada de ter de sair do Euro, mesmo que isso aconteça por vontades alheias ou pela inevitabilidade dos acontecimentos. Um bom governante deve “esperar o melhor, mas preparar-se para o pior”. Quando a CDU propõe preparar a saída do Euro, está a fazer isso, e é o único partido que o diz querer fazer. Mas, como afirmou já não sei se o Jerónimo, se o deputado Miguel Tiago do PCP, “o euro não é um dogma para nós”. Logo, tendo esse plano de saída em mente, a CDU pode nem necessitar executá-lo, mas antes usá-lo como moeda de troca na renegociação da dívida. Mas com a vantagem, de estar disposta a executar o plano. Seja como for, a CDU comprometeu-se a respeitar a vontade dos portugueses, tal como tem feito nos últimos 40 anos de Democracia, pelo menos.
A segunda parte do problema nacional, e que é fundamental porque nos põe em risco a qualidade de vida que ainda temos, colocando em causa a manutenção do Estado Social, é a questão da dívida. Quando uma empresa, nos dias de hoje, se vê a braços com uma dívida à qual já não consegue fazer face, não tem alternativa senão ir ter com os seus credores e renegociá-la para a conseguir pagar. Uma renegociação de dívida pode vir de diversas formas, como uma diminuição nos juros e um aumento dos prazos de pagamento, por exemplo. Não tem de implicar o hair cut, ou seja o perdão de parte da dívida. Tanto o PS, como os PaF (PSD-CDS), sabem disto, mas recusam-se a discutir a questão, até mesmo depois do FMI ter dito que no caso da Grécia se tinha de fazer uma renegociação da dívida. Quando a Irlanda disse que queria renegociar a dívida, o governo PaF disse o contrário, ao invés de fazer coro com a Irlanda! Mais, tanto PS com PSD-CDS afirmaram que o PCP e o Bloco, por quererem renegociar a dívida, são uns caloteiros que não querem que o país pague o que deve. É falso. Não pagar a dívida é o que o PS e o PSD-CDS fazem, indo trocar dívida de curto prazo por dívida de médio-longo prazo, chamando a isso financiar o país, enquanto não paga a dívida, apenas os juros da mesma, que mesmo assim vão acumulando e fazendo aumentar a dívida lenta e perigosamente. Os que não querem pagar são precisamente os que não querem renegociar a dívida, porque tal como ela está, em que pagamos só de juros 9 mil milhões por ano, não a conseguimos pagar.
Mas para renegociar a dívida, temos de ter peso negocial. Esse peso negocial vem da disponibilidade para sairmos do Euro. Notem que os economistas já dizem que a crise da Wolkswagen terá um custo semelhante ao de um Grexit. Isto, por muito que a UE diga que se blindou quanto à saída de um país da zona Euro, indica que uma tal saída teria consequências económicas graves para a zona Euro e como tal é de evitar. A única razão pela qual a Comissão Europeia não temeu a saída da Grécia, foi porque sabia que o Tsypras estava a fazer bluff, porque o povo grego não queria essa saída. O Tsypras tentou usar o posicionamento geopolítico, piscando o olho ao Putin, para ver se o Obama convencia a União a renegociar a dívida grega. Mas a Comissão Europeia não foi nisso, até porque sabia que os gregos não apoiariam Tsypras nisso, nem na saída do Euro. Lá está, sem essa disponibilidade de saída, estamos condenados a viver nas regras asfixiantes do tratado orçamental.
O erro do Tsypras foi não estar preparado para que lhe comprassem o Bluff. Um plano Português de saída do Euro, somado à noção de que temos recursos que a Grécia não tem (como as nossas consideráveis reservas de ouro ou a nossa imensa riqueza costeira[a Grécia já nem esta última tem, visto que o Mediterrâneo está todo envenenado]), adicionados a uma frente unida de países que desejam renegociar as suas respectivas dívidas soberanas (Portugal, Irlanda, Grécia e possivelmente a Espanha se os ventos por lá mudarem) sentados em bloco à mesa com a Troika, é a única esperança que temos de resolver os problemas nacionais actuais, ao mesmo tempo que nos preparamos para a plausível e provável implosão do Euro, “não vá o diabo tecê-las”, como diz o povo.
Quanto ao resto. Bem, agora que já pouco ou nada resta para privatizar ou concessionar e o Estado está sem outros meios de se financiar que não o aumento de impostos, ou as nacionalizações deixam de ser tabu, ou a carga fiscal sobre o trabalho vai aumentar (por muito que o PaF e o PS vos digam que não, visto que não estão dispostos a ir taxar antes as grandes fortunas e os lucros empresariais). No programa "Olhos nos Olhos", o próprio Medina Carreira, que pode ser muita coisa mas não é um "perigoso" comunista, após analisar a fundo a EDP, concluiu que mais valia (aos consumidores) voltar a nacionalizar a empresa. Se a Privatização não é tabu, a Nacionalização também não o pode ser.
Mas, mais uma vez, só há um partido, não só disposto como também, capaz de fazer essas nacionalizações. O PCP é auto-sustentado em 90% por meios próprios, sendo o mais famoso destes últimos a Festa do Avante. Os restantes 10% vêm do Estado, derivados dos votos que recebem (como todos os partidos), e a parte do salário (e isto é único em Portugal) de cada um dos seus deputados que só ganham o que ganhavam antes de assumirem funções na Assembleia, doando o restante ao PCP. Por ser auto-sustentável, não está dependente dos bancos e pode efectivamente controlá-los, se legitimado pelo povo democraticamente. Como esclareceu o Jerónimo, nem precisa de ser com nacionalizações, poderá ser com forte regulamentação. Notem que no Japão, a 3ª economia do Mundo e com governo de direita liberal, o Estado obriga os bancos a financiarem as empresas para manter a economia a funcionar. Não têm crescido muito, mas gaita!!, são a 3ª economia do mundo apesar de levarem constantemente com tsunamis. O actual presidente japonês, aquando da capitulação da Grécia, afirmou que a lição que se devia de aprender é que é preciso investir na economia e não aumentar a austeridade. Para dar outro exemplo, a Islândia, depois de uma breve revolução feita por 90% da população, de haverem novas eleições e de reescrita a sua constituição, voltou a regulamentar a banca. Têm o desemprego nos 5%, renegociaram a dívida e já pagaram ao FMI, e também julgaram e condenaram os culpados pela sua crise nacional.
Porque é que o governo PaF vendeu as golden shares da EDP, ou os CTT, ou a REN, quando (soube recentemente nas notícias) o Estado Alemão detém 30% das acções da Wolkswagen como fonte de financiamento? E o estado Norueguês que detém 70% dos lucros petrolíferos da nação deles? Foi a Troika que os obrigou? Não, foi ideológico porque os PaF acham que é melhor entregar à gestão privada, aos Zeinal Bavas e aos Chineses! O Paulinho das Feiras não se farta de o afirmar em campanha. Mas isto é gestão danosa, pois deixa o estado português com uma dívida massiva para pagar e sem fontes de rendimentos que não os contribuintes, que ou emigram ou não têm emprego, ou recebem salários cada vez menores.
Para obter diversificação de fontes de rendimento e ter instrumentos para alavancar a economia, resolvendo o desemprego, que mais que a crise demográfica (podemos sempre importar mais chineses, mais africanos e sírios para a solucionar, como a Alemanha fez recentemente) põe em risco a segurança social e as reformas, é imperativo controlar e/ou recuperar sectores estratégicos nacionais. Esse controlo faz parte do plano da CDU, ao mesmo tempo que aposta na industrialização, nas pescas (a que nem PS nem PaF ligam, agarrados que estão pelos interesses estrangeiros) e na agricultura.
Em termos de impostos, a CDU propõe subir para os 25% (valor onde já esteve) o IRC, aliviando o IVA da restauração e o IRS, para benefício do sector turístico, das famílias e das micro e pequenas empresas (aquelas que criam o seu próprio emprego!!). É isto extremista?!
Quando surgiu a questão dos Direitos de Autor Vs Downloads não-pagos, o PS e o PaF fizeram a lei actual que castiga os consumidores que comprem qualquer tipo de suporte de dados (dvd, pen drives, discos rígidos, etc), independentemente de serem de facto piratas ou não, através duma taxa adicional que aumenta o preço e que reverte para os autores. O PCP contra-propôs taxar-se antes os lucros de quem verdadeiramente lucra com os downloads ditos ilegais, pois são os seus facilitadores e mediadores, as Operadoras de Telecomunicações. O Centrão optou por taxar consumidores, a CDU propôs taxar-se antes o lucro das empresas. Esta é a diferença ideológica de onde se vai buscar o dinheiro. Tanto a Direita e Centro como a Esquerda querem fazer Redistribuição de Capitais, só que o Centrão + CDS fá-lo no sentido do povo para as empresas, e a CDU quer fazer das empresas para o povo. E notem que, em Capitalismo, são os consumidores quem criam postos de trabalho, não os ricos. Pode-se ter o melhor produto e todo o capital do mundo, se ninguém comprar o produto, por mais dinheiro que lá enterrem, a empresa vai à falência. Mais que isso, não há nenhum patrão no mundo que empregue pessoas a não ser que a isso o mercado, pelo aumento da procura (mais consumidores a quererem o produto), lho imponha. Não são os ricos que criam empregos, somos nós, os consumidores. Esqueçam a Deco, votem CDU, cujas soluções não são (embora os problemas do país possam ser) nem velhas nem desajustadas da realidade em que vivemos.
Em termos de Cultura, a CDU propõe um orçamento de 1% do Orçamento de Estado no primeiro ano de legislatura, evoluindo até ao 1% do PIB no quarto ano de Legislatura. E já propôs e mantém a proposta, para uma renegociação nas bases ou desvinculação do Acordo Ortográfico de 1990, mais uma alhada, mais um experimentalismo irresponsável e irreflectido em que o Centrão meteu o país. É isto brusco e repentino?
Não liguem às falaciosas e já por demais desmontadas sondagens com que tentam moldar sub-repticiamente, não falando e argumentando directamente como eu, a vossa decisão. Não se deixem enganar com discursos desesperados e em pânico de apelo a votos (in)úteis, lembrem-se antes que em Portugal não elegemos governos, elegemos deputados para nos representarem. A CDU foi instrumental na devolução do 13º mês, para dar mais um exemplo de como essa força zela pelos v/nossos interesses, não contra a Lei, mas antes através da Constituição vigente. A CDU não falhou com os seus compromissos de campanha.
Não temam instabilidades. A Catarina Martins do Bloco estipulou 3 condições para governar ao lado do PS. O PCP só tem uma: toca a sacar o Socialismo de onde o Mário Soares o engavetou e a fazer jus ao nome do Partido Socialista. Não temam atitudes sectárias de um partido que ajudou a eleger Soares (PS), Sampaio (PS) e Eanes (independente de Direita) à presidência da República, e que fez e faz acordos autárquicos com o PSD (antes no Porto, agora em Loures). O bloqueio à Esquerda não é causado pela CDU, mas tem sido mantido pela incapacidade dos Socialistas de implementarem medidas socialistas.
E acima de tudo, descansem, “senhoras e senhores, irmãs e irmãos, amigos, camaradas” (citando Christopher Hitchens), votar no PCP não é votar em perigosos experimentalismos como a aplicação de um modelo económico defeituoso e que, já se comprovou factualmente, errado como fez Vítor Gaspar, nem dar azos a irresponsáveis como o danoso e irrevogavelmente birrento Portas. É antes um voto conservador, no melhor dos sentidos desta última palavra, pois é dar força a quem quer travar um PREC (leia-se Processo RAPINADOR em Curso) de Direita, conservando e reforçando o nosso Estado Social (SNS, Segurança Social, Educação Pública, Forças Armadas e de Segurança), ao mesmo tempo que recupera lenta e diplomaticamente a soberania nacional e renova a nossa posição e dignidade como Estado, não só na União Europeia, mas no mundo. Se querem de facto renovar a política em Portugal, retornando aos valores da Revolução de Abril e até aos valores de origem que a União Europeia afirma ter (solidariedade, direitos humanos, democracia), votem CDU.
Nada temam, se sobreviveram ao malogrado sonho (para mim, pesadelo) do Sá Carneiro (uma maioria, um governo e um presidente laranjas), tornado real neste governo PSD-CDS com a presidência mumificada do Cavaco Silva, não serão os Comunistas Portugueses que darão cabo de vocês. Mas são eles que vos podem tirar do buraco.
Só se consegue mudar os resultados, fazendo algo de diferente.
Dêem uma hipótese à CDU, dêem-lhes força negocial, dêem-lhes o vosso voto.»


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