Esta é a primeira campanha em que revelo o meu voto a quem queira saber,
quando normalmente só o revelo aos mais próximos amigos. Senti-me
compelido a fazê-lo, porque os Media não estão a informar as pessoas,
nem a ser isentos sobre o que informam.
O texto abaixo é da minha autoria e enviei-o na quarta-feira (porventura tarde demais) ao Público para ver se mo publicavam, se por nada mais por contrastar com as posições lá colocadas durante a semana pelos seus muitos colunistas. Não fui publicado até hoje, não sei se por escolha editorial ou por ser tardia a hora, mas só refiro o envio para o Público para explicar porque só agora publiquei aqui. Aguardei uma resposta que não veio.
Caso o Público me tivesse publicado, provavelmente o texto seria acompanhado do meu nome e foto. O objectivo é dar a cara. Chamo-me Alexandre Fanha e deixo-vos o link para o meu facebook:
«Eu venho por este meio dirigir-me
aos que, nesta fase, realmente importam: os indecisos, os indignados, os
anonymous portugueses, os possíveis abstencionistas que quero convencer a votar.
Não me importa se são de Esquerda, Direita, ou Centro, ou sem ideologia. Se
estão na dúvida e ainda não estão cristalizados no vosso pensamento, isto é
para vocês.
Não sou nem nunca fui militante
de nenhum partido, gosto que os partidos se esforcem para me convencer. Mas
afirmo sem problemas que me considero um apartidário de Esquerda, que sou ateu,
que não ligo a sondagens e que leio jornais nacionais e estrangeiros.
O que quero partilhar convosco
não é meramente a minha intenção de voto (explicitada no título deste artigo de
opinião), mas antes como cheguei a essa intenção de voto, qual o raciocínio por
detrás dela.
Este divide-se em duas partes:
1) Por Exclusão de Partes
2) Avaliação do Projecto Político
da CDU
1) Por Exclusão de Partes
Dos partidos sem assento
parlamentar, só houve um que captou a minha atenção e foi o LIVRE, mas depois
de alguns contactos directos, de ter acompanhado informaticamente as suas
primárias e de ver a sua proposta de programa político, achei esse partido uma
versão diluída do Bloco de Esquerda, mas com ainda menos possibilidade de conseguir
um forte resultado eleitoral. O Marinho e Pinto diz-se e contradiz-se a si
mesmo, o seu partido é ele mesmo, é um tipo que só quer tacho enquanto afirma
isso de todos os outros, e tem como lema no site do seu partido “Acredita no
que me ouviste dizer, mas nunca acredites no que outros dizem que eu disse”. Dá
jeito a qualquer político mentiroso. O PURP e o PAN são partidos demasiado
específicos e que colocam à frente dos interesses gerais da nação, interesses
de pequenos grupos ou causas, respectivamente, os reformados e os animais. O
Agir etc etc perdeu-me com a proposta, que veiculou em tempo de antena, de
criar um mecanismo que mandasse abaixo qualquer governo que não cumprisse o que
prometera nas eleições. Precisaria de conseguir, para implementar um tal
mecanismo, uma maioria qualificada (maior que a absoluta) para poder alterar a
Constituição, começando dessa forma e logo de início a prometer o que nunca
poderá cumprir e entrando em contradição consigo mesmo. Para o PNR nem olhei
porque a única coisa que tenho em comum com esse partido é ser contra o Acordo Ortográfico
de 1990 (AO90), mas quase de certeza por razões diferentes. De igual forma, não
ligo aos Monárquicos pois sou republicano, ao mesmo tempo que têm o mesmo
problema prático do Agir, visto que a actual constituição não permite um outro
regime que não o republicano. O MPT granjeia-me alguma simpatia por ser contra
o AO90, mas perde-me por se ter deixado ludibriar pelo auto-contraditório
Marinho e Pinto nas Europeias.
O PS é um partido politicamente
falido, como se pode ver no que resta da Internacional Socialista. Os
socialistas europeus condenaram-se à extinção quando aceitaram trabalhar dentro
das normas do Tratado Orçamental que, como realçou Marcelo Rebelo de Sousa no
passado domingo citando um artigo norte-americano, foi criado segundo
pressupostos de Centro Direita, manietando assim quaisquer respostas económicas
de centro-esquerda na Europa e viciando a democracia ao Centro, obrigando-o a uma
não-escolha entre políticas de Direita e políticas de Direita. O PS é um
partido cujo actual programa eleitoral assenta num estudo económico que usa
como premissas previsões macro económicas da União Europeia (UE) que não
poderiam contar com a presente crise da Wolkswagen e que não contam com a
implosão da economia chinesa que muitos economistas já vêem no horizonte. Esse
programa do PS contempla também um cenário em que o Euro implode, mas escolhe
ignorar esse cenário, pura e simplesmente, ao invés de preparar um plano B para
essa eventualidade, deixando-se (e ao País se for eleito) exposto a um putativo
mas plausível problema. O PS foi recentemente noticiado como estando altamente
endividado e com dificuldades em financiar-se, logo vive na dependência dos
grupos económicos. É um partido dividido internamente e que um seu militante,
Henrique Neto, descreveu em 2012 como tendo uma série de grupos internos que
agem como lojas maçónicas, lutando entre si pelo poder interno. António Costa é
um auto proclamado ateu e presidente da Câmara de Lisboa que, quando a cidade
sofre uma inundação derivado a chuvas, diz que a única solução possível está
com São Pedro, quando quer Nova Iorque, quer Tóquio têm conhecidos mecanismos
de protecção civil para impedir estas ocorrências. Vale mais desperdiçar
milhares com a Fundação Mário Soares ou a processar barbearias que não permitem
entrada a mulheres (como imensos ginásios não permitem a homens). Quer queira
quer não, o PS é um dos co-autores do Estado a que isto chegou, pois foi
alternando a formação de Governo com o PSD, com quem tem entendimentos a nível
do Plano de Privatizações e da relação com a União Europeia. É igualmente
co-responsável pelas PPP’s e os SWAP’s que geraram um conjunto de empresas que
vivem em “Capitalismo sem Riscos” (cito Medina Carreira), em que o Estado
aceita cobrir os seus prejuízos. Esta conjunção de factores faz com que perca o
meu voto, pois não acho este partido, nem o seu actual projecto, nem o seu
historial governativo, ou actual líder inspiradores de confiança.
O PaF, é preciso realçar, que é a
coligação actual do Governo, PSD-CDS. A mesma cujo o governo não conseguiu, nem
indo para além da Troika, nem quebrando as promessas eleitorais de 2011, nem
atravessando as linhas vermelhas auto-proclamadas, nem após imensos orçamentos
rectificativos muitos dos quais factualmente em desrespeito à actual e vigente
Constituição da República Portuguesa, atingir uma única das metas do Memorando
da Troika, apesar de, por serem o bom (leia-se lambe-botas) aluno do Schauble,
a Troika lhes dar sempre nota positiva. A dívida nacional aumentou; o défice,
que é sempre um valor contabilístico, não está controlado e tem sido camuflado
com receitas extraordinárias, como a da venda dos CTT (uma das poucas empresas
do Estado que dava lucro); a balança comercial continua negativa, apesar do
esforço de reorganização para exportações do tecido empresarial português; não
só não resolveram o problema que herdaram do BPN, como fizeram uma outra
nacionalização ruínosa de prejuízos bancários no BES, ainda que “transvestida”
de Banco Novo. Historicamente, estas forças são co-responsáveis de PPP’s, e
SWAP’s, tendo criado novas PPP’s, embora também “transvestidas” de concessões,
como no Metro de Lisboa, propagando o tal “Capitalismo sem Riscos” pago pelos
impostos dos Portugueses. Resumindo, o governo PaF falhou, criando um empobrecimento
e retrocesso civilizacional em Portugal, com níveis do PIB a regressarem a
2001, mais emigração que na altura da Guerra Colonial, salários baixos, caça às
bruxas no sector público, e uma taxa de Desemprego que milagrosamente desce sem
que suba a taxa de Emprego. E já agora, a tal Saída “Limpa” (leia-se ausência
de um plano cautelar) só aconteceu, não por mérito ou vontade do governo, mas
porque não se conseguiu reunir um consenso nos países da União para que se
fizessem planos cautelares. Não só não resolveram problemas, como os adensaram.
À sua cabeça têm, em grande (Tecno)forma, um homem conhecido por não pagar a
Segurança Social enquanto instiga outros a pagarem os impostos e não serem
piegas. Pedro Passos Coelho é o homem que mente, “por lapso”, sobre pagamentos
da dívida em plena campanha eleitoral, tendo um historial recente de não
cumprir as suas promessas eleitorais, mas antes fazer o contrário do que
prometera. Mas qual Hidra, o PaF tem (pelo menos) duas cabeças, sendo a outra
mais hábil em saber quando deve emergir e submergir, qual submarino, nos
debates respondendo apenas às perguntas que lhe dá jeito (mas nem a essas com
toda a verdade), enquanto alonga as respostas para não deixar os outros falarem
e para queimar tempo e não ter de responder às perguntas. Paulo Portas, se nada
mais, é o homem de enorme responsabilidade (denote-se aqui um desdenhoso
sarcasmo) que, por birra, irrevogavelmente queimou a Portugal 4 mil milhões de
euros para que lhe dessem um título mais pomposo! É também o homem que afirma
abertamente que não se sente obrigado a governar segundo a Constituição
vigente, porque esta fala de Socialismo no prólogo!! É ainda o homem que afirma
que o estado não sabe gerir (como se Zeinal Bava ou Ricardo Salgado não fossem
gestores do sector Privado e mesmo assim responsáveis por afundarem duas das
maiores empresas portuguesas), mas que participa num governo que nacionalizou a
REN e o que restava da EDP para o Estado (Comunista) Chinês!! Ou seja, Paulo
Portas admite que os Comunistas são melhores gestores da coisa pública que ele!
O programa conjunto desta força política é tão vago, tão desonesto, e tão vazio
de conteúdo como o projecto de reforma do Estado que o actual vice-primeiro
ministro esboçou outrora. Por todas estas razões, e por não ser masoquista nem
idiota, não voto no PaF.
Distinguir o Bloco de Esquerda da
CDU, não sendo militante de nenhum, pode ser complicado, mas não tão complicado
como distinguir o PS do PSD-CDS. Muito simplesmente, o Bloco é a favor do
Acordo Ortográfico de 1990, eu sou contra e o PCP é o único partido a ter colocado a votos uma iniciativa de desvinculação do Estado Português a esse malfadado (des)acordo. O BE achou que era importante, para o
Feminismo em Portugal na segunda década do século XXI, discutir os malefícios do
Piropo, indiciando uma estranha (no BE) tendência proibicionista no sentido do
discurso politicamente correcto e em detrimento da Liberdade de Expressão, mas
não vi o BE fazer manifestações tão veementes pela igualdade salarial e pelos
direitos de maternidade das mulheres trabalhadoras. Mas mais que tudo isso, falta
implementação e estrutura ao Bloco: não tem força nos sindicatos, não tem
implementação autárquica. Por tudo isto, voto na CDU (PCP-PEV) e não no Bloco.
2) Avaliação do Projecto Político
da CDU
Mas, felizmente, não é só por
falta de escolha que voto CDU, embora fosse razão suficiente. O projecto de
política nacional e europeia da CDU, programa conjunto de PCP, PEV e ID, não
sendo perfeito (como nada é) nem capaz de representar TOTALMENTE a minha visão pessoal
e as minhas ideias (como nenhum partido pode fazer pois representam colectivamente
e não individualmente), tem a mais valia de ser o único que percebe o problema
duplo, que na verdade é um só, que impede Portugal de se solucionar e ver uma
luz ao fundo do túnel: o colete de forças do Euro imposto pelo Tratado
Orçamental e uma dívida insustentável e impagável.
O Euro é acima de tudo uma moeda
forte demais para a nossa economia, especialmente depois de esta ter perdido a
frota pesqueira e mercante, bem como grande parte da sua indústria na altura em
que o Cavaco foi primeiro-ministro. É pelo Euro que, não os Portugueses, mas a
nossa Economia Nacional tem vivido acima das suas possibilidades. Basta
recordarem-se que, assim que adoptámos o Euro, tudo o que custava 100 escudos,
passou a custar 1 euro, que equivalia a 200 escudos no câmbio à época. Ou seja,
o custo de vida duplicou automaticamente com a adesão ao Euro, mas os salários
e pensões não duplicaram. Realço ainda que os partidos que hoje defendem o
Euro, já não o fazem apelando aos benefícios deste último, mas amedrontando com a
“calamidade” que seria dele sair.
Mas isso à parte, o Euro é um
projecto de sucesso historicamente muito improvável. Das várias tentativas que
já houve para que um conjunto de estados tivesse uma moeda única, comum a todos, apenas
uma funcionou. Chama-se Dólar (norte-americano). Essa funcionou porque tem uma
estrutura por debaixo: os estados têm uma Língua em comum, tem uma Constituição
em comum, e têm um governo federal em comum. A UE nunca terá uma língua em
comum, mas nem sequer se deu ao trabalho de criar o governo federal (nem há
essa vontade política entre os estados membros), e muito menos de criar uma
constituição colectiva. Para além disso, o Euro está hoje em perigo pela
fragilidade dos países que adoptam a Moeda. Não só o perigo de insolvência que
assombra, apesar do quadro que o PaF nos pinta, tanto Portugal como a Grécia,
como as repercussões da questão Wolkswagen, da guerra económica com a Rússia
por causa da Ucrânia, e da futura crise chinesa, trarão para a maior economia
da União, a Alemanha. Mas há mais! Os movimentos separatistas existentes na
Espanha e na Bélgica (já nem vou ao Reino Unido porque aí reina a Libra),
somados ao crescendo de intenção de voto em partidos xenófobos que vai
provavelmente continuar com a chegada contínua de mais migrantes, somam-se aos
stresses sócio-económicos que criam tensão na manutenção da zona Euro. Com tudo
isto em mente, qualquer governante que se preze deve querer criar um plano de
contingência para a possibilidade inexplorada de ter de sair do Euro, mesmo que
isso aconteça por vontades alheias ou pela inevitabilidade dos acontecimentos.
Um bom governante deve “esperar o melhor, mas preparar-se para o pior”. Quando
a CDU propõe preparar a saída do Euro, está a fazer isso, e é o único partido
que o diz querer fazer. Mas, como afirmou já não sei se o Jerónimo, se o deputado Miguel Tiago do PCP, “o euro não é um
dogma para nós”. Logo, tendo esse plano de saída em mente, a CDU pode nem necessitar executá-lo, mas antes usá-lo como moeda de troca na renegociação da dívida. Mas com a vantagem, de estar disposta a executar o plano. Seja como for, a CDU
comprometeu-se a respeitar a vontade dos portugueses, tal como tem feito nos
últimos 40 anos de Democracia, pelo menos.
A segunda parte do problema
nacional, e que é fundamental porque nos põe em risco a qualidade de vida que
ainda temos, colocando em causa a manutenção do Estado Social, é a questão da
dívida. Quando uma empresa, nos dias de hoje, se vê a braços com uma dívida à
qual já não consegue fazer face, não tem alternativa senão ir ter com os seus
credores e renegociá-la para a conseguir pagar. Uma renegociação de dívida pode
vir de diversas formas, como uma diminuição nos juros e um aumento dos prazos
de pagamento, por exemplo. Não tem de implicar o hair cut, ou seja o
perdão de parte da dívida. Tanto o PS, como os PaF (PSD-CDS), sabem disto, mas
recusam-se a discutir a questão, até mesmo depois do FMI ter dito que no caso
da Grécia se tinha de fazer uma renegociação da dívida. Quando a Irlanda disse
que queria renegociar a dívida, o governo PaF disse o contrário, ao invés de
fazer coro com a Irlanda! Mais, tanto PS com PSD-CDS afirmaram que o PCP e o
Bloco, por quererem renegociar a dívida, são uns caloteiros que não querem que
o país pague o que deve. É falso. Não pagar a dívida é o que o PS e o PSD-CDS
fazem, indo trocar dívida de curto prazo por dívida de médio-longo prazo,
chamando a isso financiar o país, enquanto não paga a dívida, apenas os juros
da mesma, que mesmo assim vão acumulando e fazendo aumentar a dívida lenta e perigosamente. Os que
não querem pagar são precisamente os que não querem renegociar a dívida, porque
tal como ela está, em que pagamos só de juros 9 mil milhões por ano, não a
conseguimos pagar.
Mas para renegociar a dívida,
temos de ter peso negocial. Esse peso negocial vem da disponibilidade para
sairmos do Euro. Notem que os economistas já dizem que a crise da Wolkswagen
terá um custo semelhante ao de um Grexit. Isto, por muito que a UE diga que se
blindou quanto à saída de um país da zona Euro, indica que uma tal saída teria
consequências económicas graves para a zona Euro e como tal é de evitar. A
única razão pela qual a Comissão Europeia não temeu a saída da Grécia, foi
porque sabia que o Tsypras estava a fazer bluff, porque o povo grego não queria
essa saída. O Tsypras tentou usar o posicionamento geopolítico, piscando o olho
ao Putin, para ver se o Obama convencia a União a renegociar a dívida grega.
Mas a Comissão Europeia não foi nisso, até porque sabia que os gregos não
apoiariam Tsypras nisso, nem na saída do Euro. Lá está, sem essa disponibilidade de saída, estamos condenados a viver nas regras asfixiantes do tratado orçamental.
O erro do Tsypras foi não estar
preparado para que lhe comprassem o Bluff. Um plano Português de saída do Euro,
somado à noção de que temos recursos que a Grécia não tem (como as nossas
consideráveis reservas de ouro ou a nossa imensa riqueza costeira[a Grécia já nem esta última tem, visto que o Mediterrâneo está todo envenenado]), adicionados
a uma frente unida de países que desejam renegociar as suas respectivas dívidas
soberanas (Portugal, Irlanda, Grécia e possivelmente a Espanha se os ventos por
lá mudarem) sentados em bloco à mesa com a Troika, é a única esperança que
temos de resolver os problemas nacionais actuais, ao mesmo tempo que nos
preparamos para a plausível e provável implosão do Euro, “não vá o diabo tecê-las”, como
diz o povo.
Quanto ao resto. Bem, agora que
já pouco ou nada resta para privatizar ou concessionar e o Estado está sem
outros meios de se financiar que não o aumento de impostos, ou as
nacionalizações deixam de ser tabu, ou a carga fiscal sobre o trabalho vai
aumentar (por muito que o PaF e o PS vos digam que não, visto que não estão
dispostos a ir taxar antes as grandes fortunas e os lucros empresariais). No
programa "Olhos nos Olhos", o próprio Medina Carreira, que pode ser muita coisa
mas não é um "perigoso" comunista, após analisar a fundo a EDP, concluiu que mais
valia (aos consumidores) voltar a nacionalizar a empresa. Se a Privatização não é tabu, a
Nacionalização também não o pode ser.
Mas, mais uma vez, só há um
partido, não só disposto como também, capaz de fazer essas nacionalizações. O
PCP é auto-sustentado em 90% por meios próprios, sendo o mais famoso destes últimos a
Festa do Avante. Os restantes 10% vêm do Estado, derivados dos votos que
recebem (como todos os partidos), e a parte do salário (e isto é único em
Portugal) de cada um dos seus deputados que só ganham o que ganhavam antes de
assumirem funções na Assembleia, doando o restante ao PCP. Por ser
auto-sustentável, não está dependente dos bancos e pode efectivamente
controlá-los, se legitimado pelo povo democraticamente. Como esclareceu o Jerónimo, nem precisa de ser com
nacionalizações, poderá ser com forte regulamentação. Notem que no Japão, a 3ª
economia do Mundo e com governo de direita liberal, o Estado obriga os bancos a
financiarem as empresas para manter a economia a funcionar. Não têm crescido
muito, mas gaita!!, são a 3ª economia do mundo apesar de levarem constantemente
com tsunamis. O actual presidente japonês, aquando da capitulação da Grécia,
afirmou que a lição que se devia de aprender é que é preciso investir na
economia e não aumentar a austeridade. Para dar outro exemplo, a Islândia,
depois de uma breve revolução feita por 90% da população, de haverem novas
eleições e de reescrita a sua constituição, voltou a regulamentar a banca. Têm
o desemprego nos 5%, renegociaram a dívida e já pagaram ao FMI, e também
julgaram e condenaram os culpados pela sua crise nacional.
Porque é que o governo PaF vendeu
as golden shares da EDP, ou os CTT, ou a REN, quando (soube recentemente nas
notícias) o Estado Alemão detém 30% das acções da Wolkswagen como fonte de
financiamento? E o estado Norueguês que detém 70% dos lucros petrolíferos da
nação deles? Foi a Troika que os obrigou? Não, foi ideológico porque os PaF acham
que é melhor entregar à gestão privada, aos Zeinal Bavas e aos Chineses! O
Paulinho das Feiras não se farta de o afirmar em campanha. Mas isto é gestão
danosa, pois deixa o estado português com uma dívida massiva para pagar e sem
fontes de rendimentos que não os contribuintes, que ou emigram ou não têm
emprego, ou recebem salários cada vez menores.
Para obter diversificação de
fontes de rendimento e ter instrumentos para alavancar a economia, resolvendo o
desemprego, que mais que a crise demográfica (podemos sempre importar mais
chineses, mais africanos e sírios para a solucionar, como a Alemanha fez recentemente) põe em
risco a segurança social e as reformas, é imperativo controlar e/ou recuperar
sectores estratégicos nacionais. Esse controlo faz parte do plano da CDU, ao mesmo tempo
que aposta na industrialização, nas pescas (a que nem PS nem PaF ligam,
agarrados que estão pelos interesses estrangeiros) e na agricultura.
Em termos de impostos, a CDU
propõe subir para os 25% (valor onde já esteve) o IRC, aliviando o IVA da
restauração e o IRS, para benefício do sector turístico, das famílias e das micro e pequenas empresas (aquelas que criam o seu próprio emprego!!). É isto
extremista?!
Quando surgiu a questão dos Direitos de Autor Vs Downloads
não-pagos, o PS e o PaF fizeram a lei actual que castiga os consumidores que
comprem qualquer tipo de suporte de dados (dvd, pen drives, discos rígidos,
etc), independentemente de serem de facto piratas ou não, através duma taxa
adicional que aumenta o preço e que reverte para os autores. O PCP contra-propôs
taxar-se antes os lucros de quem verdadeiramente lucra com os downloads ditos
ilegais, pois são os seus facilitadores e mediadores, as Operadoras de
Telecomunicações. O Centrão optou por taxar consumidores, a CDU propôs taxar-se
antes o lucro das empresas. Esta é a diferença ideológica de onde se vai buscar
o dinheiro. Tanto a Direita e Centro como a Esquerda querem fazer
Redistribuição de Capitais, só que o Centrão + CDS fá-lo no sentido do povo para as
empresas, e a CDU quer fazer das empresas para o povo. E notem que, em
Capitalismo, são os consumidores quem criam postos de trabalho, não os ricos.
Pode-se ter o melhor produto e todo o capital do mundo, se ninguém comprar o
produto, por mais dinheiro que lá enterrem, a empresa vai à falência. Mais que
isso, não há nenhum patrão no mundo que empregue pessoas a não ser que a isso o
mercado, pelo aumento da procura (mais consumidores a quererem o produto), lho imponha. Não são os ricos que criam
empregos, somos nós, os consumidores. Esqueçam a Deco, votem CDU, cujas
soluções não são (embora os problemas do país possam ser) nem velhas nem
desajustadas da realidade em que vivemos.
Em termos de Cultura, a CDU
propõe um orçamento de 1% do Orçamento de Estado no primeiro ano de
legislatura, evoluindo até ao 1% do PIB no quarto ano de Legislatura. E já
propôs e mantém a proposta, para uma renegociação nas bases ou desvinculação do
Acordo Ortográfico de 1990, mais uma alhada, mais um experimentalismo
irresponsável e irreflectido em que o Centrão meteu o país. É isto brusco e
repentino?
Não liguem às falaciosas e já por
demais desmontadas sondagens com que tentam moldar sub-repticiamente, não
falando e argumentando directamente como eu, a vossa decisão. Não se deixem
enganar com discursos desesperados e em pânico de apelo a votos (in)úteis,
lembrem-se antes que em Portugal não elegemos governos, elegemos deputados para
nos representarem. A CDU foi instrumental na devolução do 13º mês, para dar
mais um exemplo de como essa força zela pelos v/nossos interesses, não contra a
Lei, mas antes através da Constituição vigente. A CDU não falhou com os seus compromissos de campanha.
Não temam instabilidades. A
Catarina Martins do Bloco estipulou 3 condições para governar ao lado do PS. O
PCP só tem uma: toca a sacar o Socialismo de onde o Mário Soares o engavetou e
a fazer jus ao nome do Partido Socialista. Não temam atitudes sectárias de um
partido que ajudou a eleger Soares (PS), Sampaio (PS) e Eanes (independente de Direita) à presidência da República,
e que fez e faz acordos autárquicos com o PSD (antes no Porto, agora em
Loures). O bloqueio à Esquerda não é causado pela CDU, mas tem sido mantido pela incapacidade dos Socialistas de implementarem medidas socialistas.
E acima de tudo, descansem,
“senhoras e senhores, irmãs e irmãos, amigos, camaradas” (citando Christopher
Hitchens), votar no PCP não é votar em perigosos experimentalismos como a
aplicação de um modelo económico defeituoso e que, já se comprovou
factualmente, errado como fez Vítor Gaspar, nem dar azos a irresponsáveis como o
danoso e irrevogavelmente birrento Portas. É antes um voto conservador, no
melhor dos sentidos desta última palavra, pois é dar força a quem quer travar
um PREC (leia-se Processo RAPINADOR em Curso) de Direita, conservando e
reforçando o nosso Estado Social (SNS, Segurança Social, Educação Pública,
Forças Armadas e de Segurança), ao mesmo tempo que recupera lenta e
diplomaticamente a soberania nacional e renova a nossa posição e dignidade como
Estado, não só na União Europeia, mas no mundo. Se querem de facto renovar a
política em Portugal, retornando aos valores da Revolução de Abril e até aos valores de origem
que a União Europeia afirma ter (solidariedade, direitos humanos, democracia),
votem CDU.
Nada temam, se sobreviveram ao malogrado sonho (para mim, pesadelo)
do Sá Carneiro (uma maioria, um governo e um presidente laranjas), tornado real
neste governo PSD-CDS com a presidência mumificada do Cavaco Silva, não serão
os Comunistas Portugueses que darão cabo de vocês. Mas são eles que vos podem tirar do buraco.
Só se consegue mudar os
resultados, fazendo algo de diferente.
Dêem uma hipótese à CDU, dêem-lhes força negocial, dêem-lhes o vosso voto.»
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