terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Geishun ou Gashou? - Parte 2

http://150anosportugaljapao.blogspot.com/2011/12/geishun-ou-gashou-parte-1.html



(...)



Para completar o ritual de boas vindas aos Ano Novo, deve-se colocar o kodamatsu (literalmente “pinheiro de portão”). São arranjos florais compostos por flores, cana de bambu e folhas. A tradição manda que se coloquem à porta após o Natal e são tidos como moradias temporárias para os Kami (os espíritos ancestrais da colheita). Só se devem remover após o sétimo dia do ano novo. Após o 15 de Janeiro deve-se queimar o kodamatsu, de forma a apaziguar os Kami, libertando-os.
Como é tido como atrair má sorte trabalhar nos primeiros 3 dias do ano, os japoneses preparam as suas refeições para esses 3 dias em antecedência. Os pratos tradicionais incluem o mochi (bolinho de arroz). Esta iguaria é servida de várias maneiras diferentes [como por exemplo, o Kagamimochi (literalmente “espelho bolo de arroz”), que se assemelha a um boneco de neve em forma, tendo um mochi grande como corpo e um pequeno como cabeça] e reza a tradição que se coloque o mochi num altar Shinto, o kamidana, durante a passagem de ano, e com uma laranja amarga japonesa a que chamam daidai por cima, para agradecer a Toshigami (ou Kami). Passada a Passagem do Ano, o bolo é repartido e comido. A esse acto chama-se o kagami biraki (a abertura do espelho). Contudo, esta é uma prática que acarreta alguns perigos. Ao que parece o dito bolo, passado uma noite da sua confecção fica mais viscoso e mole e já houve mesmo casos de idosos a morrer engasgados devido a isso. Há de facto equipas em ambulâncias nos hospitais de prevenção para socorrer esses casos.












Legenda: À esquerda temos um simples mochi. À direita o Kagami Mochi.



Finalmente, bem refastelados de comida e bebida, quando chega a altura da passagem de ano, deve-se dar um salto ao templo. Há muitos que passam mesmo lá a passagem de ano, para ouvirem o soar das 108 badaladas que representam os 108 pecados da crença budista, completando assim a limpeza espiritual. No templo deve-se ainda assistir ao nascer do Sol do dia de Ano Novo.
Mas o mais engraçado é que até o sono, que se segue inevitavelmente depois de uma noite de rituais e festejos, se torna parte da versão japonesa de entrar com o pé direito no ano novo. Parece que o primeiro sonho do ano determina como o ano vai ser. Um pesadelo promete desgraça nesse ano. Além disso, sonhar com beringelas, falcões ou com o monte Fuji é tido como muito bom sinal. Para garantir um bom sonho, é costume colocar uma efígie de uma besta mitológica que se alimenta de sonhos, chamada Baku.
O meu avô ia gostar dos japoneses, eles previnem-se contra tudo!
De notar que a gravura à esquerda ilustra um Baku e é do artista Katsushika Hokusai. Hoje em dia há muitas outras formas de representar o espírito em questão, já explorado em séries de anime e noutros meios.




Para finalizar aproveito para vos deixar as últimas que a Embaixada do Japão me mandou, em termos de notícias e eventos para este mês:
http://www.pt.emb-japan.go.jp/newsletter_2011/Embaixada_do_Japao_Noticias_DEZEMBRO_2011.pdf
Destes últimos, destaco o Ciclo de Cinema de Satsuo Yamamoto, que decorre até 19 de Dezembro na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.
http://www.cinemateca.pt/CinematecaSite/media/Documentos/dezembro.pdf
A destacar também é a versão em Português do site “O Desafio de Erin – eu entendo Japonês”.
https://www.erin.ne.jp/pt/


Deixo-vos então aos vossos respectivos preparativos de Natal e Ano Novo, com os desejos de que, contrário ao que as notícias nos dizem todos os dias, os senhores que nos (des)governam ganhem tino e nos permitam prosperar!
Feliz Natal, um Próspero Ano Novo e até breve…

Alex


P.S.: Uops! Quase me esquecia de fechar o portal! Deixa cá meter a shimenawa! :D Não vá o Diabo tecê-las!

Sem comentários:

Enviar um comentário