Quão próximas estão agora
culturas que eram tão distantes, neste nosso berlinde azul, supra globalizado e
“ubermercantilizado”. Louvado seja o todo poderoso Cifrão (não, não me refiro
aos D’zrt!!) por nos dar o Dia de S. Valentim.
Qual o Natal, este dia pouco ou
nada tem a ver com o que diz ser a sua premissa ou razão de ser, nos nossos
tempos. Não, não é o amor ou o romance que interessam neste (porque não?)
amaldiçoado dia, mas sim o quanto se gasta para agradar o/a respectivo(a)
“mais-que-tudo”.
Mas enquanto deste lado do mundo
o ónus da responsabilidade historicamente [até porque hoje em dia com a
igualdade de direitos, espero eu exista também a igualdade de deveres] reside nos
ombros do cavalheiro que deve de presentear a sua donzela com algo magnificamente
caro, do outro lado do mundo, mais precisamente no Japão, são as mulheres que
neste malfadado dia 14 de Fevereiro afluem às lojas de chocolates nipónicas
impulsionadas por um dever semelhante. E neste último caso, não têm só de
comprar a pensar no namorado ou no marido, oh não! O dever manda comprar
igualmente para os colegas de trabalho e para os chefes.
Long live the almighty dollar! In God we trust! (e aqui uso dólar porque até
há bem pouco tempo era a moeda internacional por excelência e porque me permitiu usar aquele mote tão delicioso que vem nas notas americanas e assim evocar o Senhor em vão. Não o fazer num versículo satânico é sacrilégio!)
O Chocolate está disponível no Japão desde pelo menos 1797, quando era oferendado às prostitutas por mercadores holandeses (que eram na altura os únicos europeus aos quais era permitida uma presença contínua num país que estava de qualquer outra forma isolado do mundo e onde a viagem para o estrangeiro pelos seus cidadãos era crime punível com pena capital). De certa forma, é engraçado que agora sejam as mulheres a ter que dar aos homens.
O Chocolate está disponível no Japão desde pelo menos 1797, quando era oferendado às prostitutas por mercadores holandeses (que eram na altura os únicos europeus aos quais era permitida uma presença contínua num país que estava de qualquer outra forma isolado do mundo e onde a viagem para o estrangeiro pelos seus cidadãos era crime punível com pena capital). De certa forma, é engraçado que agora sejam as mulheres a ter que dar aos homens.
Hoje em dia, contudo, o Japão tem
uma indústria chocolateira de 11 biliões de dólares que é impulsionada por dias
especiais, como o de São Valentim. Estes dias são por sua vez gerados e/ou
mantidos pela acção de uma vasta maquinaria publicitária (a.k.a. propaganda).
Crê-se que metade do total supra mencionado seja obtido em Fevereiro.
E mais uma vez, a economia serve
de régua de medir os homens, que são todos iguais, embora uns sejam mais iguais
que outros… atrevo-me eu a roubar aqui a Orwell. Para os mais-que-tudo
compra-se dos chocolates mais caros, o chocolate honmei (verdadeiro amor),
para os colegas de trabalho e para os chefes compra-se do chocolate mais
barato, a que se chama chocolate giri (dever). O pessoal do marketing já
anda a congeminar um terceiro tipo de chocolate, feito para as mulheres
oferecerem às colegas, que se chamará chocolate tomo. Tomo é um
diminutivo de tomodachi que quer dizer “amigo(a)” em japonês.
No Japão, uma mulher chega a
gastar algo que ronda os 10mil yen, cerca de 100 dólares, ou uns 75
euros, de chocolates neste dia. E as marcas de chocolate estrangeiras (id est,
não japonesas) investem cada vez mais neste mercado. Este país é o maior
mercado de chocolate na Ásia e comporta uma enorme fatia do mercado mundial do
chocolate. O dia de São Valentim surgiu no Japão no final dos anos 1950, quando
a economia do país voltava a erguer-se após os magros anos que se seguiram à II
Grande Guerra. Os produtos estrangeiros trouxeram ares de luxo e riqueza a uma
nação que já há muito sofria de uma impiedosa austeridade. Foi então que uma
firma chamada Mary Chocolate (será prima da Bolacha Maria?! oO) começou a publicitar o dia de São Valentim
como “the only day of the year a woman professes her love through presenting
chocolate”. A norma foi assim criada e os outros produtos oferecidos
neste dia noutras partes do mundo, como jóias, flores e roupa, foram banidos do
14 de Fevereiro Japonês, em favor do chocolate. E sejamos sinceros, faz
sentido, afinal a reacção química gerada pela ingestão de chocolate no cérebro
humano é (embora em menor escala) idêntica à dum orgasmo. E todos nós sabemos
que para o técnico de marketing sexo vende, por isso sexo é amor!
Corta para duas décadas mais
tarde, diz o realizador deste filme a que chamamos História (será que no IMDb
os créditos nomeiam Deus ou os historiadores?), e os génios do Marketing
surgiram com a ideia do 14 de Março, dia no qual os homens japoneses têm o
dever de presentear as mulheres com uma prenda branca, tendo este dia sido
apelidado de White Day. É o dia simétrico do 14 de Fevereiro na economia
nipónica. No início, a praxe era oferecer marshmallows (tão pouco
japonês e tão americano, já repararam? To the victor goes the spoils indeed!),
mas hoje em dia qualquer coisa branca é permitida e ao que parece os artigos
mais vendidos são as lingeries brancas… the boys got smart! :D
Por terras lusas, a Maxim
Portugal, a revista que continua a dar, andou a distribuir gratuitamente
chocolates na Baixa Lisboeta, numa acção de marketing desenhada em especial
para este dia e que é fruto duma acção conjunta da Regina e da Maxim. Como gosto
muito do chocolate da Regina e até curto a Maxim (quanto mais não seja por não
ter aderido ao (des)acordo ortográfico e por dar prendinhas todos os meses!
Hey, vivo num mundo capitalista, é claro que sou interesseiro ;), espero que a
campanha seja um sucesso.
Resumindo:
A nossa aldeia
economicamente global
Está cada vez mais
culturalmente igual,
Graças à força surpreendente
do vil metal.
Este dia de São Valentim devia
deixar de se fazer passar pelo dia do Amor e assumir-se como o dia mundial da
Economia, mas sem a hipocrisia lá morria o feitiço. Faz-me lembrar o Ministério
do Amor de Orwell, com os seus horários do Ódio. Cá em Portugal onde o Governo
parece feliz por forçar mais e mais pessoas à fome, surgiu agora a Secretaria
de Estado da Alimentação. Oh sweet hypocrasy feel me with joy!
Espero que tenha sido um feliz 14 de Fevereiro para todos.
This is Alex, signing off 4 now!
Fontes:
As cestas de café vêm sendo uma das opções de presente em datas comemorativas, como dias dos namorados, dia das mães, aniversários, ou simplesmente uma forma de “dar bom dia”. Essas cestas podem ser consumidas por pessoas com diversos perfis.
ResponderEliminarwww.emporiocestacafe.webnode.com.br